Sócio da RedeTV! é acusado de racismo; veja por que expressão usada é discriminatória

Saiba quais termos devem ser extinguidos do vocabulário por terem conotação racista

Divulgação/RedeTV!
Marcelo de Carvalho Foto: Divulgação/RedeTV!

Marcelo de Carvalho, 63 anos, usou o seu perfil no X (antigo Twitter) para fazer comentários racistas, ao relatar um furto sofrido pelo irmão de seu filho em Barcelona, na Espanha.

O vice-presidente e sócio da RedeTV! enfatizou a raça de um homem para justificar o roubo que ele teria cometido na Europa.

“O irmão de meu filho mais velho acaba de ser assaltado em Barcelona. Obviamente um sujeito de aparência africana, dos milhões que a Europa deixou entrar, deu uma trombada nele, arrancou o celular e saiu correndo”, escreveu Marcelo na rede social.

+ Marcelo de Carvalho é acusado de racismo: ‘Sujeito de aparência africana’

Não demorou muito para que o “obviamente” utilizado na frase do apresentador se tornasse alvo de debate entre os internautas, que acusaram o empresário de discriminação e julgamento de um homem pela cor da sua pele.

Por que a expressão é racista?

Antes de qualquer explicação, é importante destacarmos que não apenas uma expressão específica pode ser considerada racista. O contexto em que uma palavra, aparentemente “inofensiva”, é empregada, pode mudar completamente o sentido e a intenção daquela frase.

Quando o “obviamente” vem seguido de uma definição estereotipada para passar um recado sobre um roubo, em que o acusado é de raça diferente do interlocutor, fica implícito e abre margem para a interpretação de que o “obviamente” foi usado para destacar que o furto somente aconteceu porque o homem em questão tem “aparência africana”.

Marcelo de Carvalho, no entanto, diz que “não”. Segundo ele, foi apenas um exemplo, já que o assaltante “poderia ser de aparência japonesa, poderia ser de aparência eslava, poderia ser de aparência viking”.

Expressões racistas que você NÃO deve dizer

Expressões racistas perpetuam estereótipos negativos contra pessoas negras e contribuem para que a desigualdade racial aumente na sociedade.

Embora exista uma parcela da população que diz que ainda usa tais expressões sem a intenção de ferir o próximo, o impacto significativo na forma como pessoas negras são percebidas e tratadas na sociedade é indiscutível.

Não à toa que racismo é crime, segundo Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, também conhecida como Lei do Racismo.

Pensando nisso, abaixo estão algumas das expressões racistas que você deve extinguir do seu vocabulário. Confira:

  • “Dia de branco”: dentro de um contexto do Brasil, país onde a escravidão do povo negro durou mais de 300 anos, e os escravos, mesmo sendo forçados a trabalhar, eram vistos como “vagabundos”, a expressão se torna racista por reforçar que o dia de trabalho, produtivo, só existe para quem não é negro.
  • “Preto no branco”: apesar de utilizada para indicar clareza e objetividade, pode ter conotações racistas em alguns contextos, reforçando a ideia de que o padrão de clareza e objetividade são associados à branquitude, enquanto o “preto” pode ser interpretado como algo obscuro.
  • “Denegrir”: termo geralmente usado para se referir a uma difamação, porém seu real significado é “tornar negro”. Com isso, se tornar algo negro é difamatório, então ela é considerada racista.
  • “Tem um pé [em algum lugar]”: essa expressão evoca a associação histórica das pessoas negras, especialmente mulheres negras, com o trabalho doméstico e a cozinha durante a escravidão, como se esse fosse o único lugar que teriam acesso.
  • “Da cor do pecado”: usada, de maneira geral, como elogio, é considerada racista pelo contexto do Brasil, um país pautado por crenças religiosas, onde “pecar” é algo considerado errado. Com isso, ter a pele associada ao pecado significa que ela é ruim.
  • “Doméstica”: as domésticas eram as mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas e eram consideradas domesticadas, visto que os negros eram vistos como animais.

Em nota enviada para IstoÉ Gente, a RedeTV! declara que “publicações realizadas em perfis pessoais não representam o posicionamento da emissora”.