O sócio-presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, declarou em 2020 ter tido uma única fonte de renda, a Global Saúde, da qual recebeu R$ 52,2 mil reais (média mensal de R$ 4,3 mil). No entanto, a movimentação financeira do empresário indica gastos elevados em restaurantes e compras em lojas de luxo, incompatíveis com os valores informados à Receita Federal. As informações são da TV Globo e do G1.

Os documentos relativos aos sigilos bancário e fiscal do empresário foram entregues à CPI da Pandemia no Senado. A Global é uma empresa pertencente ao mesmo grupo da Precisa, e que tem Maximiano como sócio.

Na declaração, o empresário não informou ter como patrimônio qualquer participação nas duas empresas nem o recebimento dos chamados dividendos. Ao todo, o patrimônio declarado por ele soma R$ 288 mil. Os valores destoam das movimentações financeiras de Maximiano.

Em uma de suas contas pessoais, ele chegou a movimentar quase R$ 4 milhões em 2020. Em outra, circularam mais de R$ 1,2 milhão. O extrato bancário mostra créditos principalmente de contas de empresas das quais ele é sócio. Nos gastos, há visitas a restaurantes caros e compras de luxo. Em um único dia, o empresário chegou a gastar quase R$ 6,5 mil em compras em lojas de roupas, calçados e supermercado.

CPI da Covid-19

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 adiou o depoimento de Maximiano, que estava marcada para esta quinta-feira (1º), após o empresário obter no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de ficar em silêncio. De acordo com o presidente do colegiado, senador Omar Aziz, os parlamentares vão tentar recorrer da decisão.

A Precisa negociava com o governo Bolsonaro o fornecimento de vacinas Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biotech, mas uma irregularidade no contrato acendeu um alerta no Ministério da Saúde para um possível esquema de corrupção.

O caso veio à tona pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que apontou a irregularidade. Junto com seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o caso foi levado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que teria citado o nome de Ricardo Barros como envolvido no esquema.

Na última sexta-feira (25), os irmãos Miranda foram à CPI da Covid no Senado e o deputado confirmou que o líder do governo foi citado pelo presidente durante essa conversa. Os dois teriam saído da reunião com Bolsonaro com a promessa de que a denúncia seria investigada, mas Bolsonaro não pediu investigação sobre o caso.

Na terça, foi revelado pela revista Crusoé que Luis Miranda também teria recebido uma oferta de propina para facilitar a compra das vacinas Covaxin de um lobista, que teria oferecido a ele 6 centavos de dólar para cada dose comprada pelo Ministério da Saúde. O deputado Ricardo Barros teria participado da conversa.