O presidente do Executivo em final de mandato e líder socialista, Pedro Sánchez, e o chefe da esquerda radical do Podemos, Pablo Iglesias, alcançaram um pré-acordo para compor um governo de coalizão na Espanha – anunciaram as duas lideranças nesta terça-feira (12).

Há meses buscado sem sucesso pelas diversas legendas, este governo de coalizão precisará do apoio de outros partidos para obter a aprovação da Câmara Baixa, renovada nas legislativas de domingo passado.

Se Sánchez conseguir tomar posse, porá fim a meses de bloqueio político na quarta economia da zona euro.

“Alcançamos um pré-acordo para compor um governo de coalizão progressista na Espanha, (…) que combine a experiência do Partido Socialista com a coragem do Podemos”, disse Iglesias, após a inesperada assinatura do documento no Parlamento espanhol.

“Este novo governo vai ser um governo categoricamente progressista”, pensado para durar os quatro anos da legislatura, porque “a Espanha precisa de um governo estável, não interino, um governo sólido, e precisa já”, defendeu Pedro Sánchez.

Ambos os líderes disseram que, nas próximas semanas, vão detalhar o programa e a estrutura do governo.

O partido de Sánchez venceu as eleições, mas perdeu força nas legislativas de domingo. Os socialistas já haviam tentado negociar a formação de um governo de coalizão com a Unidas Podemos, após as legislativas anteriores, em abril.

As negociações fracassaram, porém, devido a divergências sobre qual papel o Podemos teria no Executivo. O desentendimento levou o país de volta às urnas, no último domingo, quando a extrema direita do Vox se tornou a terceira força política do país.

O novo acordo “é tão promissor que supera qualquer tipo de desencontro que possamos ter tido nos últimos meses”, disse Sánchez, que selou o pacto com um abraço com Iglesias.

Os socialistas e o Podemos reúnem 155 deputados, motivo pelo qual vão precisar conquistar apoio de outras siglas para alcançar a maioria absoluta de 176, em um Congresso de 350 cadeiras.

A preferência dos socialistas é um apoio dos liberais do Cidadãos, que foram esmagados no domingo. Dos 57 deputados então conquistados em abril, caíram para dez assentos. Os socialistas também esperam poder contar com outros partidos nanicos para não dependerem dos separatistas catalães, que contam com 23 vagas.

Um dos temas dominantes da campanha foi a situação na Catalunha, onde segue vivo o pulso do separatismo contra o Estado.

A temperatura disparou com a condenação, em outubro, de nove líderes independentistas a penas de prisão de entre nove e 13 anos de prisão, por seu papel na tentativa fracassada de secessão de 2017. A sentença deu lugar a uma semana de distúrbios na Catalunha.

O principal beneficiado da crise regional foi o Vox. Entre outros pontos, seu líder, Santiago Abascal, defende suspender a autonomia catalã e ilegalizar os partidos soberanistas.