O Partido Social Democrata ganharam as eleições legislativas da Finlândia neste domingo, com uma estreita vantagem sobre a extrema direita, nas eleições que foram uma punição para as políticas de austeridade do primeiro-ministro Juha Sipilä.

De acordo com os resultados definitivos, social-democratas obtiveram 40 dos 200 assentos no Parlamento e os Verdadeiros Finlandeses, da extrema direita, 39. Os dois partidos se distanciaram por somente 0,2 ponto percentual.

Depois aparece a Coalizão Nacional (conservadora) e em quarto lugar o Partido do Centro do atual primeiro-ministro,Juha Sipilä, que perdeu 18 assentos.

O líder social-democrata finlandês, Antti Rinne, reivindicou no domingo uma vitória apertada de seu partido no legislativo, superando por uma margem estreita o grupo ultra-direitista True Finns.

“Pela primeira vez desde 1999, os social-democratas são o partido do primeiro-ministro”, disse o líder do grupo, Antti Rinne, um ex-sindicalista e ex-ministro das Finanças de 56 anos.

Antes das eleições, Rinne alertou que seu partido deveria “encontrar os meios certos para tornar a sociedade finlandesa sustentável (…) não apenas com a política fiscal”.

“Eu não esperava esse resultado, ninguém esperava algo assim”, disse o líder da direita Jussi Halla-aho.

Já o atual primeiro-ministro Sipila foi suscinto: “Somos os maiores derrotados dessa eleição”.

As negociações para formar um governo podem ser complexas, pois há quatro forças com grandes blocos parlamentares e, a princípio, uma aliança de três deles será necessária para atingir a maioria dos 101 assentos.

A última vitória eleitoral da centro-esquerda foi nas eleições legislativas de 1999, após as quais Paavo Lipponen liderou uma coalizão de esquerda-direita até 2003.

Estas eleições decorrem após quatro anos de governo, com base em políticas de austeridade que permitiram à Finlândia sair da recessão em 2016, mas que acabou cansando os eleitores.

– Onda populista –

A Finlândia tem um sistema de votação proporcional e uma cultura política de consenso que leva coalizões heterogêneas ao poder.

Entretanto, com uma votação tão fragmentada as negociações para formar governo poderiam ser complexas.

A direita e a esquerda dizem que não querem colaborar com a extrema-direita, embora não tenha descartado possíveis negociações com os Verdadeiros Finlandeses.

Alguns partidários culpam Rinne por sua incapacidade de atrair os jovens e renovar o eleitorado envelhecido do partido, enquanto o partido Verdadeiros Finlandeses conseguiu mobilizar uma base eleitoral até agora desinteressada por política.

O tema imigração proporcionou destaque ao partido de extrema-direita, isto apesar da Finlândia ter apenas 6,6% de estrangeiros entre os 5,5 milhões de habitantes.

Em dezembro e janeiro, a detenção de uma dezena de homens estrangeiros suspeitos de agressões sexuais provocaram indignação e uma onda de apoio aos Verdadeiros Finlandeses, partido que prometeu reduzir consideravelmente a imigração e reforçar as regras de asilo.

O partido também denuncia “histeria climática” de seus adversários, alegando que os cidadãos não deveriam pagar por medidas adicionais contra a mudança climática.

O desafio do próximo governo será também atacar o difícil tema da proteção social: a Finlândia, cujo Estado de bem-estar é um dos mais generosos do mundo, enfrenta agora o dilema de uma população cada vez mais envelhecida e com menos nascimentos.

Além disso, o crescimento do país pode registrar uma desaceleração mesmo depois de superar a recessão.