Sobreviventes de Bergen-Belsen comemoram o 80º aniversário da libertação do campo de concentração

Sobreviventes de Bergen-Belsen comemoram o 80º aniversário da libertação do campo de concentração

"AnneMais de 50 mil morreram no campo de concentração, incluindo Anne Frank. Quando soldados britânicos chegaram ao local há 80 anos, encontraram 10 mil corpos não enterrados.Sobreviventes do Holocausto participaram neste domingo (27/04) da cerimônia para marcar o 80º aniversário da libertação do campo de concentração nazista de Bergen-Belsen, no noroeste da Alemanha. Políticos e testemunhas da época relembraram as atrocidades cometidas no local.

"Nunca mais a dignidade e a vida das pessoas na Alemanha devem ser pisoteadas, nunca mais os direitos humanos devem ser desrespeitados, nunca mais a arbitrariedade deve substituir a justiça", disse o governador da Baixa Saxônia, Stephan Weil. "Essa é a lição que deve ser aprendida com o assassinato de tantos milhões de pessoas. Esse é o propósito da comemoração e da memória desses eventos."

O campo de Bergen-Belsen foi libertado pelo exército britânico em 15 de abril de 1945. Foi um dos poucos campos de concentração que as forças nazistas não evacuaram antes da chegada dos Aliados.

Cerca de 60 mil pessoas foram encontradas com vida no local. Os prisioneiros sofriam com uma epidemia de tifo, além de surtos de tuberculose, febre tifoide e disenteria.

Os soldados encontraram ainda milhares de cadáveres não sepultados. No local, morreram 52 mil pessoas, entre judeus, ciganos, homossexuais e opositores políticos. Outros 20 mil prisioneiros de guerra também foram assassinados.

Entre os mortos no campo de Bergen-Belsen estava a jovem Anne Frank, cujo diário revelou ao mundo o sofrimento dos judeus na Europa ocupada pelas forças nazistas. Ela está enterrada em uma das valas comuns do campo.

Em seu discurso, o embaixador de Israel, Ron Prosor, dirigiu-se diretamente aos sobreviventes. "Com sua força, com sua coragem e com suas vidas, vocês representam uma vitória sobre a desumanidade. Somos devedores de vocês, os sobreviventes. E dos que foram assassinados."

Também participaram do evento mais de 50 sobreviventes, ex-prisioneiros do campo. "Minha mensagem para o futuro é que todos devemos ser vigilantes e ativos no combate ao ódio", declarou Mala Tribich, de 94 anos, nascida na Polônia e enviada a Bergen-Belsen ainda criança. "Isso inclui o antissemitismo e o racismo contra qualquer grupo de pessoas", acrescentou.

80 anos da libertação dos campos nazistas

A Alemanha organizou diversas cerimônias este ano para marcar o 80º aniversário da libertação dos campos nazistas e outros eventos importantes do final da Segunda Guerra Mundial.

O estado da Baviera também foi palco de cerimônias neste domingo pelo aniversário de libertação do campo de concentração de Flossenbürg.

O governador da Baviera, Markus Söder, destacou o valor de lembrar as atrocidades cometidas pelos nazistas no lugar.

As pessoas detidas em Flossenbürg foram forçadas a trabalhar como escravas, extraindo granito para a construção de edifícios destinados a glorificar o Estado nazista.

Cerca de 100 mil pessoas foram aprisionadas no local e em seus quase 80 subcampos entre 1938 e 1945, incluindo o teólogo protestante Dietrich Bonhoeffer, que morreu pouco antes do fim da Segunda Guerra. Aproximadamente 30 mil prisioneiros perderam a vida no local. O campo foi libertado por soldados americanos em 23 de abril de 1945.

Emilia Rotstein, filha do ex-prisioneiro e sobrevivente Leon Weintraub (99), declarou durante a cerimônia que a humanidade raramente aprende com a história, embora o Holocausto esteja amplamente documentado. "Mesmo assim, há novamente negacionistas, pessoas que afirmam que isso nunca aconteceu", lamentou ela. No entanto, "o esquecimento tira novamente a vida das vítimas". Leon Weintraub também participou da cerimônia.

gq (dw, dpa, afp)