Alguns corais podem se adaptar naturalmente às mudanças climáticas, mas sua capacidade de sobreviver pode ser superada pelo aquecimento global, a menos que sejam feitos cortes nas emissões de gases de efeito estufa, disseram pesquisadores nesta quarta-feira (1).

Os recifes de coral possuem um valor econômico global de US$ 375 bilhões por ano, porque eles fornecem abrigo para peixes e outras formas de vida marinha, protegem as costas e atraem o turismo para áreas litorâneas.

Mas as mudanças climáticas, a poluição, as tempestades, o branqueamento e as doenças estão ameaçando os recifes em todo o mundo, e 90% deles correm o risco de morrer até meados do século, advertiram os cientistas.

O estudo publicado na revista científica Science Advances analisou a espécie de coral Acropora hyacinthus nas Ilhas Cook do Pacífico Sul.

Alguns desses corais possuem variantes genéticas que os tornam naturalmente capazes de tolerar o calor e o aumento das temperaturas.

Mas os pesquisadores descobriram que sua capacidade é limitada.

“Esses corais não vão se adaptar em uma taxa ilimitada”, disse a autora principal, Rachael Bay, pós-doutoranda na Universidade da Califórnia. “Manter esses recifes vivos exige a redução de emissões”.

O estudo foi baseado em modelos de computador que simularam a capacidade dos corais de sobreviver sob quatro níveis diferentes de concentração de gases de efeito estufa.

Se pouco ou nada for feito para reduzir as emissões de carbono no próximo século e as temperaturas aumentarem 3,7 graus Celsius ou mais, esses corais morrerão e correrão o risco de serem extintos, descobriu o estudo.

“Em cenários mais severos, (…) a adaptação não foi rápida o suficiente para evitar a extinção”, afirmou.

Nos dois cenários mais moderados – que preveem que o aquecimento não excederá dois graus Celsius até 2100 ou que as emissões aumentarão por algumas décadas, mas depois diminuirão até 2040 -, os pesquisadores descobriram que os corais provavelmente se adaptariam e sobreviveriam.

“Muitas populações de corais existentes contam com uma série de adaptações que vêm evoluindo há muito tempo”, disse o coautor Steve Palumbi, da Universidade de Stanford.

“Essas adaptações existentes são uma vantagem para elas sobreviverem por mais tempo e para nós humanos nos beneficiarmos por mais tempo”.

Mais pesquisas são necessárias para determinar como outras espécies de corais reagiriam a vários cenários de aquecimento.