A violência doméstica não é o principal problema que as mulheres enfrentam na sociedade.

São chocantes e envergonham muito as notícias das mortes de mulheres assassinadas pelos seus companheiros, maridos e namorados.

Mas isso é apenas uma parte do problema, que, sendo muito grave e a mais visível, não é a maior. O principal problema das mulheres na sociedade já não é a violência doméstica. A violência doméstica é um problema de atraso civilizacional, não é uma questão de igualdade.

Quem – sejam os mídias, sejam associações de diretos humanos, sejam políticos – se aproveitar da violência doméstica para aumentar audiências e notoriedade, não está a prestar um bom serviço à causa das mulheres.

As mortes de mulheres por violência doméstica – são crimes hediondos – mas não são um assunto relevante na luta maior que é preciso travar na sociedade pela igualdade e diversidade. São um assunto de direitos humanos, que se coloca noutro patamar.

Quem confundir isso está a desfocar o debate saindo do que é fundamental e entrando no acessório.

Fazer do combate à violência doméstica a principal bandeira da inclusão e da diversidade, por muito que custe admiti-lo, não resolve o problema de não haver mais mulheres em lugares de poder, seja dirigindo grandes empresas, partidos políticos ou nações. Ao contrário.

A violência doméstica é a cortina de fumo perfeita para que o debate decisivo não se trave.

Confundir direitos das mulheres com direitos humanos não ajuda as mulheres a conquistarem mais, as deixa apenas mais frágeis.

Juntar os dois problemas apenas faz com que a justa e necessária luta de todos (homens e mulheres) pela igualdade e diversidade baixe a um nível onde ela felizmente já não está. É um regresso ao passado.

Há uma luta contra o crime e outra pelo desenvolvimento da sociedade. Que não se confundam nem se deixem misturar.