Sobe para três o número de mortos em protestos indígenas no Equador

Sobe para três o número de mortos em protestos indígenas no Equador

Três pessoas morreram e quase cem ficaram feridas em onze dias de intensos protestos indígenas no Equador contra o aumento dos preços dos combustíveis, segundo balanço desta quinta-feira (23) de organizações de direitos humanos.

Na cidade andina de Tarqui (sul), confrontos entre policiais e manifestantes deixaram um morto na quarta-feira, segundo a Aliança de Organizações para os Direitos Humanos.

Marcelino Villa, 38, morreu e “um cartucho de gás lacrimogêneo foi encontrado” ao lado de seu corpo, acrescentou a organização no Twitter. A polícia, no entanto, indicou em boletim que o homem morreu de “cirrose hepática” no “contexto das manifestações”.

Além disso “os hematomas no abdômen e no joelho direito (…) seriam de dias atrás”, segundo o laudo médico, especificou.

Na segunda e terça-feira, outras duas pessoas morreram, segundo a Aliança, que também registra 92 feridos e 94 detidos desde 13 de junho. Segundo a polícia, há 117 soldados e efetivos feridos.

Cerca de 14 mil manifestantes agitam diferentes partes do país, em algumas regiões com manifestações mais intensas do que em outras para exigir que o governo reduza os preços dos combustíveis, entre outras ações que amortecem o custo de vida.

Só em Quito, mais de 10.000 indígenas chegaram de seus territórios na segunda-feira e desde então se organizaram em diferentes protestos para aumentar a pressão sobre o presidente de direita Guillermo Lasso.

Algumas marchas são festivas, outras deixam fogueiras com pneus em chamas em seu rastro e, à noite, tumultos acontecem. A capital está semi-paralisada, com escassez nos bairros mais atingidos e falta de serviço de ônibus. Enquanto a pressão aumenta nas ruas, as partes não chegam a acordos para iniciar diálogos.

Os indígenas exigem a revogação do estado de emergência que rege seis das 24 províncias e a capital, com um robusto destacamento militar e toques de recolher noturnos. O Executivo recusa-se a aceitar essa condição para sentar-se à mesa e assegura que as exigências dos manifestantes são inviáveis.

A redução dos preços dos combustíveis, como os indígenas clamam, custaria ao Estado mais de US$ 1 bilhão por ano, segundo o governo. Mas os indígenas garantem que estão colhendo com prejuízo e seus territórios estão afundando na pobreza.

Na quarta-feira, cerca de 300 pessoas tomaram uma grande usina na província andina de Tungurahua (sul), embora nenhum dano grave ou interrupção do serviço tenha sido relatado.