Subiu para 25 o número de mortos do naufrágio do navio Anna Karoline III, segundo dados divulgados pela governo do Estado e Defesa Civil do Amapá. Ainda de acordo com as autoridades, 12 pessoas continuam desaparecidas e há 49 sobreviventes. O acidente aconteceu no sábado, 29, na Boca do Rio Jari, na região sul do Estado, a 290 quilômetros da capital, Macapá.

Entre os corpos resgatados, cerca de 17 foram identificados. Os corpos encontrados são transportados do local do naufrágio para o município de Gurupá (PA) em lanchas. As viagens duram até duas horas e meia. Depois, de lá, seguem de helicóptero para Macapá.

O Amapá decretou situação de emergência na área afetada pelo naufrágio para reforçar o atendimento às vítimas e familiares. Além da medida, um sistema emergencial foi providenciado para levar água potável à região, atendendo militares, voluntários e ribeirinhos. A ação é necessária já que a água do rio na área apresenta sinais de contaminação.

O prefeito de Macapá, Clécio Luís, passou a segunda-feira, 2, na região do naufrágio para verificar a situação do local. À reportagem, ele disse que “o cenário é de terror”.

À Capitania, o comandante da embarcação relatou que o acidente foi causado por forte ventania que fez com a embarcação virasse e os passageiros caíssem na água. Vários deles foram resgatados por um balsa que passava no local.

O trecho onde aconteceu o naufrágio dificulta as buscas, pois as águas são escuras e há muita correnteza.

Investigação

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento de investigação criminal para apurar as circunstâncias do naufrágio do Anna Karoline III. O órgão visa identificar possível prática de infrações penais, em razão de eventual descumprimento de normas básicas de segurança aquaviária, como sobrecarga e irregularidades quanto ao número e à alocação de coletes salva-vidas na embarcação.

Já o Ministério Público do Amapá (MP-AP) instituiu uma Comissão para fiscalizar a organização do transporte aquaviário na região. Essa comissão vai acompanhar as medidas tomadas pelo poder público em relação ao resgate de sobreviventes e acolhimento das famílias, além de apurar incidentes envolvendo a área portuária, dentre elas, as causas do naufrágio do navio Anna Karoline III.

A procuradora-geral de Justiça, Ivana Cei, disse que a medida foi adotada em função de várias irregularidades envolvendo o transporte aquaviário e que não tem sido regularmente monitorado, causando a falta de confiabilidade aos passageiros, em comparação a outros modos de transporte.