O número de mortos pelos violentos incêndios que atingem o norte da Califórnia subiu para 17, informaram as autoridades nesta quarta-feira, enquanto centenas de bombeiros tentam controlar as chamas, alimentadas por fortes ventos.
“As únicas novidades da noite são novas evacuações na cidade de Geyserville e no Vale de Sonoma. Esperamos que o vento se acalme e que façamos progressos”, tuitou o xerife do condado de Sonoma, um dos mais afetados pelo avanço do fogo.
Nesta zona, conhecida por sua tradição vinícola, ao menos 11 pessoas morreram, e há 200 em paradeiro desconhecido.
Duas pessoas morreram no condado de Napa, três no de Mendocino e uma no de Sutter.
O porta-voz dos bombeiros da Califórnia (CalFire) explicou no Twitter nesta quarta que 22 incêndios estão devastando o estado e que 69.000 hectares já foram queimados.
Napa luta contra o incêndio Tubbs, que queimou mais de 11.000 hectares e destruiu 571 construções, 550 delas residenciais.
Cerca de 650 bombeiros foram enviado a esse local, onde outros 16.000 edifícios estão em perigo.
Apenas 3% do incêndio Atlas, também em Napa, estava controlado na noite de terça-feira. Desde domingo, devastou 10.500 hectares.
No condado de Mendocino, apenas 5% do incêndio Redwood, que destruiu cerca de 12.000 hectares, está contido.
O presidente americano, Donald Trump, declarou na terça-feira o estado de catástrofe natural.
A maioria dos focos começaram no domingo e avançam com extrema rapidez devido aos fortes ventos.
– Perigo para os bombeiros –
A polícia da localidade de Santa Rosa advertiu no Facebook que os serviços meteorológicos preveem um “retorno dos ventos fortes na região a partir de quarta-feira à noite (…) até quinta-feira de manhã”.
“Esta evolução cria condições extremamente perigosas para os bombeiros”, ressaltou.
O CalFire indicou em seu site que outubro é o mês em que a Califórnia, o estado mais populoso dos Estados Unidos, historicamente sofre seus maiores e mais destruidores incêndios.
Milhares de moradores foram obrigados a fugir das chamas. As evacuações continuavam nesta quarta-feira.
Só no condado de Sonoma, mais de 25.000 pessoas tiveram que abandonar suas casas. Cerca de 5.000 conseguiram se refugiar em abrigos temporários, indicou o gabinete do xerife na segunda-feira.
O rápido avanço das chamas permitiu que algumas pessoas voltassem para suas casas, mas só encontraram escombros. Santa Rosa foi particularmente afetada.
“Não pensávamos que a casa queimaria desta forma”, disse Barbara Baird, de 70 anos. Sua filha Krysti Campbell, com quem dividia o imóvel, indicou que procurou suas joias, mas não encontrou nada.
Várias vinhas foram parcialmente ou totalmente destruídas. Algumas permaneciam na trajetória das chamas nesta quarta.
A vinha Signorello Estate foi reduzida a cinzas. Seu diretor, Ray Signorello Jr, afirmou no Facebook que os trabalhadores tentaram lutar contra as chamas na noite de domingo, mas tiveram que abandonar os esforços quando o fogo alcançou o edifício principal.
A exploração de vinhos orgânicos Frey foi engolida pelo fogo, enquanto a família vinicultora Donelan cruza os dedos para não sofrer as consequências dos incêndios, embora esteja na zona de evacuação.
“O fogo não está nem um pouco controlado e o vento está aumentando. Não há maneira de saber se estamos fora de perigo”, conta Cushing Donelan à AFP.
Cerca de 4.000 pessoas – entre bombeiros, socorristas, associações não governamentais e militares da Guarda Nacional californiana – lutam contra as chamas.
O incêndio mais mortífero da história da Califórnia, o “Griffith Park”, ocorreu em outubro de 1933 e deixou 29 mortos perto de Los Angeles. O mais destruidor, o “Tunnel-Oakland Hills”, devastou 2.900 construções e matou 25 pessoas em outubro de 1991.