Pelo menos 13 pessoas morreram e outras quatro continuam desaparecidas após a passagem de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, onde milhares de pessoas tiveram que ser transferidas para abrigos, informaram, neste domingo (18), as autoridades locais.

Entre quinta e sexta-feira, chuvas e ventos fortes e contínuos provocaram estragos em dezenas de municípios deste estado da região Sul, incluindo a capital Porto Alegre.

“Sobe para 13 o número de vítimas fatais, e ainda seguem as buscas”, tuitou a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, depois que mais um corpo foi encontrado na cidade de Caraá, uma das mais atingidas pelo fenômeno climático.

Por sua vez, o número de desaparecidos continuou diminuindo desde o sábado, quando 20 pessoas constavam nessa lista, depois que algumas delas foram encontradas com vida.

“Até o momento são quatro pessoas desaparecidas”, todas em Caraá, cidade de 8.000 habitantes no litoral do estado, a 90 km de Porto Alegre, segundo a Defesa Civil estadual.

As autoridades também informaram que mais de 3.700 pessoas sofreram danos em suas residências e quase 700 ficaram desalojadas em áreas de risco, enquanto cerca de 84.000 famílias estavam sem energia elétrica na região.

– A cavalo ou em botes –

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, liderou uma missão que percorreu em helicóptero no sábado as áreas mais atingidas junto com ministros do governo federal.

“Nosso principal objetivo, neste primeiro momento, é proteger e salvar vidas humanas. Resgatar as pessoas que estão ilhadas, localizar desaparecidos e dar todo o apoio para as famílias”, disse o governador.

Em São Leopoldo caíram 246 mm de chuva por 18 horas seguidas entre quinta e sexta, “pela primeira vez na história da cidade” de 240.000 habitantes, situada a meia hora de Porto Alegre, segundo o prefeito Ary Vanazzi.

Em São Sebastião do Caí, que ficou isolada pelo temporal, um bebê de quatro meses que precisava de atendimento médico morreu ao não ter sido socorrido a tempo, informou no sábado o governador Eduardo Leite.

Sem previsão de chuvas para este domingo, moradores da região saíram de suas casas com galochas pelas ruas inundadas nas cidades de Novo Hamburgo, Lindolfo Collor e São Leopoldo, onde algumas casas ficaram destruídas.

Outros montavam a cavalo ou se deslocavam em botes sob um céu com algumas nuvens, enquanto a água cobria parcialmente alguns veículos abandonados.

Também circularam na imprensa imagens de um carro que foi arrastado até um cemitério.

Leite destacou que os bombeiros do estado resgataram cerca de 2.400 pessoas nos últimos dois dias nas áreas afetadas.

“A água já batia na cintura em casa. Graças a Deus, os bombeiros vieram rápido e nos socorreram de barco. Parecia pesadelo”, disse uma das vítimas resgatadas em São Leopoldo, citada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Outros moradores tiveram que ser retirados em helicópteros.

– Mapear áreas atingidas –

Em Caraá, as autoridades visitaram um centro comunitário improvisado como abrigo para centenas de pessoas cujas casas sofreram danos.

“A situação de Caraá nos consterna profundamente. É fundamental que possamos, de maneira integrada, mapear rapidamente as principais áreas atingidas e identificar as pessoas que precisam de apoio”, declarou o governador do Rio Grande do Sul em comunicado.

Os fenômenos climáticos extremos têm sido cada vez mais frequentes no país, e os cientistas não descartam um vínculo com os efeitos da mudança climática.

Em fevereiro, 65 pessoas morreram nos deslizamentos causados pelas chuvas em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.

Os especialistas também atribuem os efeitos devastadores à urbanização descontrolada.

Cerca de 9,5 milhões de pessoas vivem em áreas de risco sujeitas a deslizamentos e inundações no país.

mas-rsr/ll/rpr/aa/rpr/aa