Subiu para 111 o número de mortos nos incêndios florestais que atingiram a ilha americana de Maui, no arquipélago do Havaí, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (18/08) pelas autoridades locais.

A maioria dos corpos foi até agora encontrada perto da orla marítima ou no oceano, uma vez que dezenas de pessoas saltaram para a água para escapar às chamas. Na quarta-feira, o governador do arquipélago, Josh Green, admitiu que o balanço ainda pode aumentar consideravelmente, pois centenas de pessoas continuam desaparecidas.

As equipas de resgate, compostas por socorristas e cães farejadores, só concluíram as operações de busca em cerca de 45% da área afetada em Lahaina, a capital histórica da ilha de Maui e uma das zonas turísticas mais populares do Havaí.

Incêndios florestais mais letais ocorridos nos EUA

Estes incêndios florestais são os mais letais ocorridos nos EUA em mais de 100 anos, superando o de Camp Fire, no estado da Califórnia, que causou 85 mortos e reduziu a cinzas a cidade de Paradise.

O governador Josh Green, disse que os incêndios já são já a “maior catástrofe natural que o Havaí já viveu”, segundo a emissora CNN, ultrapassando as 61 mortes confirmadas na sequência de um tsunami em 1960.

Antes de o Havaí se tornar um estado, em 1959, um tsunami em 1946 matou 158 pessoas.

O governador também estimou as perdas materiais em cerca de 6 bilhões de dólares. “Se olharmos para o que se viu agora em West Maui, 2.200 estruturas foram destruídas ou danificadas, 86% são residenciais”, frisou Green.

De acordo com as autoridades locais, mais de 14 mil pessoas foram retiradas na quarta-feira da ilha de Maui, enquanto cerca de 14.500 foram deslocadas para outras ilhas próximas na sexta-feira.

Revolta por falha de alarmes

O prefeito do condado de Lahaina, Richard Bissen, disse que 80% da antiga capital do arquipélago, e uma das zonas turísticas mais populares do Havaí, foi completamente destruída pelas chamas originadas pelo furacão Dora.

A causa dos incêndios ainda é desconhecida, mas os moradores estão confusos e irritados com a falta de alertas. Sirenes estacionadas ao redor da ilha – destinadas a alertar sobre desastres naturais iminentes – não soaram.

Alertas foram enviados por celulares, estações de TV e rádio, mas o alcance foi limitado devido a falhas de energia. “Você sabe quando descobrimos que havia um incêndio? Quando estava do outro lado da rua”, disse à agência de notícias AFP Vilma Reed, de 63 anos, no estacionamento de um centro para desabrigados.

O chefe dos serviços de emergência da ilha de Maui demitiu-se na quinta-feira, após ser criticado pela ausência de alertas. O condado de Maui confirmou a notícia, porém, disse que a demissão de Herman Andaya ocorreu devido a motivos de saúde, e garantiu que o responsável será substituído o mais breve possível.

Durante os incêndios, os avisos oficiais na televisão, na rádio e no telemóvel se revelaram inúteis para muitos habitantes, sem eletricidade ou sem conexão à internet. O sistema de alertas do Havaí, o maior do mundo, não foi ativado, admitiram as autoridades, e as sirenes permaneceram em silêncio.

Na quarta-feira, Andaya chegou a defender a não utilização do sistema, argumentando que, como ele foi criado para casos de tsunamis, poderia levar as pessoas a fugir da costa, em direção às chamas. O sistema da região foi criado após um tsunami que deixou mais de 150 mortos na Ilha Grande do Havaí em 1946.

(AFP, Lusa, AP, Reuters)