Não há dia que eu não receba mensagens ameaçadoras de criminosos de pijama. Sim, de pijama. São fanfarrões virtuais, muitos deles ‘robôs’. Se e quando considero o fato perigoso, imediatamente procuro uma delegacia especializada e providencio um BO (Boletim de Ocorrência). Aliás, mais de uma dezena de machões da internet já suaram frio e pediram desculpas diante de um delegado de polícia.

É lamentável que o debate político tenha descambado para esse nível insuportável de violência, mentiras e cretinice. Primeiro porque não só não resolve nossos inúmeros e sérios problemas, como piora. Segundo porque impede a entrada de muita gente boa na política, já que poucos topam deixar a tal “zona de conforto” para arriscar a própria pele em prol de uma gente que, em boa parte, não merece tamanho sacrifício.

Foi esse o caso da cardiologista chamada à Brasília, para assumir o comando do Ministério da Saúde, hoje entregue à dupla de homicidas Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello, nessa ordem de comando. A doutora, com uma vida profissional apartidária, é amiga de Dilma Rousseff e médica de vários políticos considerados inimigos mortais pelo bolsonarismo. Além disso, é contra o fictício tratamento precoce e favorável ao distanciamento social.

Com esses predicados, sem que jamais tenha feito qualquer mal ou mesmo criticado o devoto da cloroquina, a moça foi severamente “metralhada” nas redes sociais pelos nazifascistas do bolsonarismo-raíz, que a ameaçaram de morte e até tentaram invadir o hotel em que estava hospedada em Brasília. É o mesmo tipo de gente que cerca as residências dos desafetos políticos do verdugo do Planalto, e que atira fogos contra o STF.

O ex-presidente, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro Lula da Silva inaugurou o odioso e pestilento discurso de cisão social, com seu famoso “eles”, que era como adjetivava qualquer um que não se ajoelhasse perante sua cleptocracia. O “eles” éramos nós, que lutávamos por um País sem corrupção, sem assistencialismo eleitoral e sem as políticas econômicas retrógradas, típicas dos socialistas de araque como os lulopetistas.

O meliante de São Bernardo atirou pretos contra brancos; pobres contra ricos; homossexuais contra heterossexuais; periferia contra “zona sul”… O cretino chegou a atacar a elite “branca de olhos azuis”. É até compreensível. O bilontra só gosta da “elite sem olhos azuis”, como Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro, Sergio Andrade, Jacob Bittar, Zé Dirceu, Antônio Palocci, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, dentre tantos outros brodinhos.

Mas liderados por Jair Bolsonaro e seus filhos, notadamente o vereador Carlos, emergiu das trevas uma turba ainda pior, mais violenta e mais autoritária que os antigos “petralhas”, que, se à época se armavam com paus, pedras e pneus queimados, hoje assistem seus detratores armados com fuzis e pistolas automáticas, exibidos como exemplo de diálogo e de debate político, se é que me entendem a ironia nada engraçada.

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) serviu como exemplo, sim. Antes dele, aquela maluca que apelidei de Noiva do Chucky e alguns do seu bando, também serviram de alerta. Mas ao que parece, foi pouco. É pouco! A Justiça precisa ser rápida, precisa e severa com esses bandidos de redes sociais, cumpram eles ou não suas ameaças nazifascistas criminosas. Inclusive Carlos Bolsonaro e o tal gabinete do ódio.