Eliminado da Copa Libertadores, em situação complicada nas semifinais da Copa do Brasil e na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro aposta a partir do duelo deste domingo com o Santos, às 16 horas, no Mineirão, em um dos seus maiores algozes recentes: Rogério Ceni, treinador que assumiu o time nesta semana. E que tentou levantar a autoestima do elenco nos últimos dias para buscar a necessária reabilitação imediata.

Autor de 131 gols na sua carreira nos gramados, Ceni teve o Cruzeiro, ao lado do Palmeiras, como sua principal vítima, tendo marcado sete vezes nestes clubes. É, então, com ele que o time tentará encerrar sua pior sequência na história do Brasileirão – são 11 jogos sem vencer, marca negativa que só havia sido alcançada em 2011, quando escapou do rebaixamento somente na rodada final, um sufoco que o clube espera não reviver em 2019.

Logo após a sua chegada, Ceni se tornou escudo para os problemas do Cruzeiro, alvo de denúncias de irregularidades contra a diretoria, e em grave crise financeira. E trouxe a torcida para o lado do time, tanto que com entradas a preços populares – a mais barata custa R$ 4 -, o Mineirão estará lotado neste domingo, pois mais de 30 mil ingressos foram vendidos antecipadamente, sendo que o público de 17.704 espectadores contra o Ceará era até ágora o seu maior nesta edição do Brasileirão.

Nos seus primeiros treinos à frente da equipe, Ceni tem atuado para trocar o estilo defensivo de Mano Menezes pela intensidade e a velocidade pelas pontas. E para acelerar esse processo, apostou nas conversas, também sendo bastante participativo nas atividades. Mas, principalmente, trabalhou a motivação do grupo, deixando a briga contra a degola em segundo plano, destacando a possibilidade de faturar a Copa do Brasil, torneio que não venceu como goleiro.

“Temos que tentar mudar aos poucos. A maneira como eu jogo, é uma questão de jeito de jogar. Se os jogadores quiserem comprar a ideia, capacidade eles têm. A ideia é de fazer um time cada vez mais rápido. É o modo que eu vejo o futebol”, disse Ceni.

Em menos de uma semana de trabalho, o discurso do treinador foi assimilado: o clima na Toca da Raposa II melhorou, com os jogadores elogiando o técnico e a intensidade dos treinos. Os próximos serão tirar o melhor de um elenco cheio de veteranos, com a má fase de Fred, há 16 jogos sem marcar e que neste domingo deverá ser apenas opção no banco de reservas.

“Nosso time é um dos melhores, um dos elencos mais bem vistos no futebol brasileiro, infelizmente muitos perderam o respeito com a gente devido à nossa situação, mas a gente está em uma semifinal de Copa do Brasil, que eu acho que muitos aí têm que respeitar o Cruzeiro. Estamos trabalhando bem para esse jogo. Tomara que tudo que estamos fazendo no treinamento seja bem feito em campo, com muita inteligência e com a certeza de que o trabalho que o professor está passando para a gente vai dar certo”, disse Dedé.

Mas, além de encarar o líder do Brasileirão, Ceni precisa superar outros problemas. O treinador terá o desfalque do lateral-direito Edilson, suspenso pela expulsão contra o Avaí, e também de Rodriguinho, em recuperação de cirurgia na região lombar.

Assim como Fred, Thiago Neves está livre de suspensão e fará o seu retorno ao time titular, ao contrário do centroavante. Com isso, Marquinhos Gabriel e Robinho disputam uma vaga no meio-campo do Cruzeiro, que espera iniciar nova fase a partir deste domingo, sob o comando de Ceni.