Se, além da dificuldade para começar a dormir, a pessoa apresentar roncos, fadiga e dor de cabeça, vale investigar a apneia do sono

 

Por Danielle Sanches, da Agência Einstein

Cerca de 40% da população global tem alguma dificuldade para dormir, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) mostra que o índice nacional é até maior: 65% dos brasileiros afirmam ter uma baixa qualidade de sono.

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A culpa, normalmente, recaí na insônia, mas esse não é o único distúrbio que atrapalha o sono. Noites mal dormidas também podem ser resultado da apneia do sono — também chamada de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono.

Caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias respiratórias enquanto o indivíduo está dormindo, a condição gera repetidas paradas temporárias na respiração. Como resultado, o sono é interrompido inúmeras vezes pela falta de oxigênio no corpo, provocando cansaço e sonolência diurna.

Outros sintomas comuns são:

• Ronco excessivo;

• Despertares noturnos por engasgo;

• Falta de memória;

• Problemas de concentração;

• Irritabilidade;

• Alterações de humor;

• Crises frequentes de dor de cabeça.

A fadiga e sonolência durante o dia também têm impacto no estilo de vida da pessoa, o que pode piorar o problema. “O indivíduo tem menos energia para praticar atividade física, passa a se alimentar mal, a consumir cafeína e ainda a tentar dormir mais para compensar esse cansaço, criando maus hábitos que favorecem o surgimento da insônia”, explica Caio Bonadio, psiquiatra especialista em Medicina do Sono.


Prevalência da apneia do sono

Estudo conduzido por pesquisadores norte-americanos, e publicado na revista científica The Lancet Respiratory Medicine, estima que quase um bilhão (936 milhões) de indivíduos adultos, entre 30 e 69 anos, sejam afetados pela apneia do sono em todo o mundo. No entanto, a maioria não procura ajuda, demorando a receber o diagnóstico e o tratamento adequado, o que provoca um aumento de risco para doenças como hipertensão, insuficiência cardíaca e diabetes.

De acordo com Caio Bonadio, psiquiatra especialista em medicina do sono, os principais fatores de risco para a condição são:

  • Sobrepeso e obesidade;
  • Ser do gênero masculino;
  • No caso das mulheres, ter passado pela menopausa;
  • Alterações anatômicas craniofaciais;
  • Idade avançada.

Insônia versus apneia

Em alguns casos, a dificuldade para dormir pode ser a apneia, em outros a insônia. Ou mesmo uma das 50 doenças catalogadas na Classificação Internacional de Distúrbios do Sono. Há situações, inclusive, em que a pessoa pode apresentar as duas condições simultaneamente.

De acordo com Bonadio, cerca de 30 a 50% dos pacientes com apneia acabam apresentando sintomas de insônia. Os quadros, no entanto, têm diferenças: enquanto a apneia é caracterizada por alguns sinais típicos (como o ronco, fadiga e dor de cabeça), na insônia o problema é a dificuldade em iniciar o sono, mantê-lo ou despertar antes do horário habitual, o que leva a repercussões negativas durante o dia (como sonolência, ansiedade e alterações de memória).

O diagnóstico deve ser feito por um especialista em Medicina do Sono após avaliação médica detalhada. O paciente pode passar também pelo exame de polissonografia – que faz o monitoramento do sono por meio de equipamentos eletrônicos.

Tratamento da apneia

Diagnosticada a apneia, o tratamento deve ser personalizado, acompanhado por uma equipe multidisciplinar, e inclui mudanças no estilo de vida. “Se a doença está associada ao sobrepeso e à obesidade, o que é comum, é preciso realizar um planejamento de atividade física e de alimentação para controlar isso”, explica o psiquiatra.

Uma das modalidades de tratamento é o uso do aparelho CPAP – sigla em inglês para “Continuous Positive Airway Pressure”, ou “Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas”.  O equipamento envia um fluxo de ar contínuo que impede a obstrução das vias aéreas, evitando também a interrupção do sono.

Em alguns casos, quando a apneia é provocada por alguma disfunção anatômica no crânio, na mandíbula ou até mesmo pela presença de pólipos nasais, é possível suspender o uso do CPAP após a correção cirúrgica. No entanto, como são casos específicos, dependem de avaliação do médico otorrinolaringologista especializado em Medicina do Sono e de um cirurgião bucomaxilofacial.

Medidas de higiene do sono e controle de estímulos à noite também ajudam o corpo a entrar novamente no equilíbrio dos ciclos de vigília e repouso.

(Fonte: Agência Einstein)

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