Para pessoas que desprezam a ciência ou praticam o negacionismo deve ser difícil encarar o fato de que a vacina funciona, impede casos mais graves da doença e, principalmente, evita os óbitos. Um levantamento feito pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostra que cerca de 80% dos internados em UTIs e dos mortos pela Covid-19 no Brasil não tomaram a vacina. Outros 10% tomaram pelo menos um dose e o restante as duas doses. De todo modo, os números comprovam que a imunização impede que o vírus se propague livremente e garante uma indispensável proteção para a população. Mas, mesmo assim, ainda tem gente que a rejeita e, de maneira egoísta, aposta na imunização natural como a melhor forma de produzir anticorpos e enfrentar a doença. Trata-se de um delírio de fanáticos.

O problema não é só no Brasil. Em todo o mundo, em especial nos Estados Unidos e na Europa, o que se percebe é a vacinação estagnada em torno de 60% a 70% da população e grupos radicais tentando desacreditar o imunizante e exigindo o direito de não tomar a vacina. Em vários países europeus, o pomo da discórdia é o passaporte vacinal, exigência para frequentar casas noturnas e outros lugares públicos. Muitas pessoas defendem que se trata de um ultraje às liberdades individuais. Mas por conta desta ideia idiota há uma quarta onda de coronavírus chegando, além do surgimento de novas variantes como o ômicron, que aumentam o clima de incerteza sanitária. Esses problemas devem ser colocados na conta dos grupos antivacina, que perturbam o bom andamento do combate à doença e criam uma zona de sombra, onde a contaminação pode correr solta e matar indistintamente.

Não só o Brasil, mas toda a humanidade vive um dilema. Até que ponto um suposto direito individual de não se vacinar pode prevalecer sobre o interesse coletivo de sobrevivência. Por que ainda tantos indivíduos na sociedade rejeitam evidências científicas e preferem defender todo tipo de tolice para rejeitar a vacinação? Está claro que uma parte da sociedade não quer brecar o círculo vicioso da doença, mesmo já percebendo que a vacina funciona, e aposta no caos sanitário para fazer valer suas teses negacionistas. No mundo antivacina a máxima é deixe o coronavírus prosperar e dane-se seu semelhante. É uma visão estúpida. Nesta altura da pandemia, a rejeição da vacina deveria ser considerada uma espécie de terrorismo.