Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, avalia que as margens seguirão boas na safra 2022/23, apesar de maiores custos com insumos, diante de projeções mais altas de preços de vendas e expectativa de colheitas melhores, disse nesta quinta-feira o CEO da companhia, Aurélio Pavinato.

Durante teleconferência para apresentar os resultados trimestrais, ele acrescentou que provavelmente a SLC deve manter o “mix” de culturas plantadas em 2022/23 ante 2021/22, citando avaliação preliminar para as fatias de terras que serão dedicadas para soja, milho e algodão –o plantio para a temporada de verão começa em setembro.

“Vamos ter aumento de custos (em 2022/23)”, disse ele citando os fertilizantes, apesar de a companhia ter se antecipado e realizado aquisições nos momentos de valores não tão elevados.

“Os próprios defensivos estão mais caros, mas tem dois fatores positivos: os preços de venda (em reais) de 22/23 estão superiores a 21/22, e expectativa é de que tenha safra normal”, comentou Pavinato.

Ele lembrou que a companhia teve perdas ante a produtividade esperada por conta do clima seco para a segunda safra. A SLC reportou alta de 15,3% no lucro do segundo trimestre.

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“Então a expectativa é de continuarmos tendo margens em patamares altos”, comentou, acrescentando que os preços das commodities agrícolas devem seguir elevados em meio a fatores climáticos recentes que impactaram as safras dos Estados Unidos e Europa.

Pavinato disse ter perspectiva de uma safra melhor por conta das condições para manutenção do La Niña, “que para o nosso negócio tem sido bom historicamente”, em referência às regiões onde a companhia atua (Centro-Oeste e Nordeste), que tendem a não sofrer com seca em anos de ocorrência do fenômeno climático.

O executivo comentou que isso foi uma exceção em 2021/22, uma vez que houve uma neutralidade climática ao final do ciclo, prejudicando as produtividades da segunda safra.

Anos de La Niña em geral trazem condições mais secas para o Sul do Brasil e América do Sul, onde a empresa não atua.

Neste cenário e considerando expectativas de preços, o CEO disse que a companhia deve manter a estratégia em termos de porfólio e “mix” de cultura.

COMPRAS DE INSUMOS

Os dados divulgados juntamente com o relatório financeiro indicam que a empresa avançou na compra de insumos para a safra 2022/23, especialmente em adubos fosfatados e nitrogenados.

A empresa já comprou 100% das necessidades de fosfatados, ante 64% divulgados no início de julho, e 85% dos nitrogenados, versus 59% há cerca de um mês. No caso do cloreto de potássio, cujas compras já estavam avançadas, o índice seguiu em 84%. Nos defensivos, houve um avanço de 83% para 93%.

“No conjunto dos fertilizantes, os preços tinham aumentado 240%… hoje estão em patamar de 150% (maior) ante os preços históricos”, disse o executivo, ressaltando que a companhia aproveitou uma redução nos valores dos insumos no segundo trimestre, e que a expectativa é de que o custo de produção fique abaixo do do mercado.

A empresa ainda está avaliando de quanto será a alta de custo para a próxima safra.

Questionado sobre a estratégia de crescimento, o executivo afirmou que ela se mantém, com a empresa buscando ser uma “asset light” e avançando via arrendamentos de terras e novos negócios, como o de sementes de soja e algodão, “que já está grande e vai duplicar nos próximos anos”.


A companhia também tem avançado no sistema produtivo de integração lavoura-pecuária, transformando o gado em um quinto negócio, além da soja, milho, algodão e sementes.

Ele disse também que a empresa está com “visão de não vender mais terras”.

“A estratégia macro não mudou, investir em novos produtos, o negócio atual estamos tendo eficiência alta… novos negócios têm que ser negócios que oportunizem uma eficiência alta…”, destacou, acrescentando que frutas podem ser um sexto produto da companhia, mas isso dependeria de projetos e oportunidades.

(Por Roberto Samora)

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