A um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio, os skatistas se preparam como verdadeiros atletas de alto nível para conquistar o ouro olímpico.

“Agora nós somos atletas entre aspas, atletas urbanos”, diz Danny Leon, sorrindo.

Vestindo jeans, camisa larga e boné na cabeça mesmo quando faz manobras a vários metros de altura, esse jovem espanhol de cabelos despenteados é um dos candidatos a viajar ao Japão para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

“Antes, andar de skate era descer uma rua. Hoje, a gente treina, faz exercícios e alongamentos antes e depois para se recuperar bem, toma mais cuidado com o corpo, se alimenta melhor. Acabaram os hambúrgueres e as pizzas”, diz ele à AFP durante os World Roller Games, competição que está reunindo estes dias em Barcelona atletas do skate, patins e patinetes.

“Eu vou muito à academia para melhorar minha resistência e treino quatro horas por dia para repetir as manobras”, diz o português Gustavo Ribeiro que, aos 18 anos, é um dos maiores nomes do skate.

Número 2 do mundo na categoria “street”, ele é candidato ao pódio olímpico. “É louco pensar que eu posso ganhar uma medalha de ouro como representante de meu país”, diz ele.

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– Imagem de drogados –

Seu entusiasmo contrasta com a desconfiança que surgiu no mundo do skate após o anúncio em 2016 da estreia da modalidade em Tóquio. Os skatistas temem que os Jogos Olímpicos marquem o desaparecimento da essência do skate, sua filosofia de vida.

“Se você quer praticar para se divertir, você pode ir na rua, treinar as manobras, se divertir e tomar uma cerveja. Mas no meu caso, eu levo isso a sério”, insiste o argentino Matias dell Olio. “Eu acordo cedo, vou na academia malhar, vou no spa, me alongo, me alimento melhor. Eu pratico skate desde os seis anos, é meu estilo de vida. Mas é também meu trabalho”.

Com o corpo cheio de cicatrizes e hematomas, o peruano Angelo Caro viu abrirem as portas do centro dos esportistas de alto nível de seu país graças à inscrição do skate como esporte olímpico.

E ele espera principalmente que os Jogos Olímpicos façam com que os clichês sobre os skatistas sejam derrubados.

“As pessoas que nos olham como se fossemos vagabundos e drogados poderão ver que é um esporte realmente legal que exige muito talento e esforço. A gente cai todos os dias, é um verdadeiro sacrifício”, destaca à AFP.

O skate é também uma grande oportunidade para o movimento olímpico, diz com confiança Sabatino Aracu, presidente da federação internacional de patinação sobre rodas World Skate. “O skate é sangue novo, uma bufada de ar fresco para os Jogos”, continua.

– Vestuário preocupa –

Mas o caminho para Tóquio não foi tão simples para a federação de skate. Foi preciso harmonizar as regras de avaliação, estabelecer sistemas de classificação assim como um dispositivo antidoping inédito.

Serão no total 80 skatistas em Tóquio, 20 em cada categoria (“street” e “park” masculino e feminino) com no máximo 3 representantes por categoria de cada país nas quais a classificação depende dos pontos obtidos durante as grandes provas do circuito internacional.

Esse sistema os freia em suas tentativas de manobras espetaculares. “A gente funciona com uma calculadora. Existem manobras que valem 8 ou 9 pontos mas se você só precisa de 7, você faz uma mais fácil para garantir o pódio”, reconhece Dell Olio.


Além das manobras, um outro aspecto preocupa Danny Leon a um ano de Tóquio. “Como teremos que nos vestir? Eu não me vejo vestindo um uniforme. Todos nós andamos de skate de jeans e boné. Espero que eles nos deixem ir como quisermos”, conclui ele, sem deixar um pouco da rebeldia de lado.

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