A ONU manifestou seu alarme, nesta segunda-feira (30), pela “escalada” das hostilidades na Síria, onde a situação é “a mais perigosa em muito tempo” devido à guerra entre Israel e Hamas.

“Desde março de 2020, o conflito sírio está em uma espécie de ponto morto estratégico (…) Há tempos advirto que este status quo faz com que a Síria corra o risco de mergulhar em uma fragmentação mais profunda e prolongada, com os riscos mais assustadores de uma espiral” de violência, declarou ao Conselho de Segurança o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen.

“Hoje, dou a voz de alerta: a situação agora é a mais perigosa em muito tempo”, acrescentou.

“Além da violência provocada pelo próprio conflito sírio, a população síria enfrenta agora a assustadora possibilidade de uma escalada potencialmente mais ampla, vinculada aos acontecimentos alarmantes em Israel, os Territórios Palestinos ocupados e a região”, acrescentou.

“Já começou”, destacou, referindo-se aos ataques israelenses contra os aeroportos de Aleppo e Damasco, e as acusações dos Estados Unidos de ataques contra suas forças na Síria por parte de “grupos acusados de serem apoiados pelo Irã”.

“Até mesmo antes destes acontecimentos regionais, a Síria experimentou o pior aumento da violência em mais de três anos”, informou o enviado especial.

Mas as tensões na região estão “jogando lenha na fogueira em um barril de pólvora que já estava prestes a explodir”.

“A atenção do mundo está centrada na crise de Gaza, e com razão. Mas não devemos desviar nossa atenção de crises humanitárias que continuam em outros lugares, em larga escala, inclusive na mesma região”, insistiu Edem Wosornu, funcionária do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

Wosornu também alertou para a “escalada significativa das hostilidades” no norte da Síria e o impacto na população, enquanto “a emergência humanitária piorou nas últimas semanas”.

“Isto é ainda mais preocupante com a chegada do inverno”, pois a organização estima que “5,7 milhões de pessoas em todo o país precisam de ajuda humanitária”, destacou perante o Conselho de Segurança, ao mesmo tempo em que pediu novos recursos.

O programa de ajuda humanitária da ONU, iniciado em 2011, tem como objetivo ajudar às vítimas da guerra na Síria.

Também iniciada em 2011, após a repressão de protestos antigovernamentais, o conflito matou mais de meio milhão de pessoas e deslocou milhões.

Com a mediação da Rússia e da Turquia, declarou-se um cessar-fogo no norte da Síria após uma ofensiva do regime, em março de 2020. Mas é violado regularmente, lembrou.

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