VENEZA, 1 OUT (ANSA) – O sistema de barreiras móveis construído ao custo de 5,5 bilhões de euros para proteger o centro histórico de Veneza contra inundações pode entrar em funcionamento pela primeira vez no próximo sábado (3).   

A obra do Mose será concluída apenas no fim de 2021, mas o governo já autorizou o acionamento das comportas de forma emergencial sempre que a maré superar os 130 centímetros acima de seu nível médio.   

Segundo o último boletim meteorológico divulgado pela Prefeitura de Veneza, a previsão é de uma “acqua alta” de até 135 centímetros por volta do meio-dia do próximo sábado, o que é suficiente para alagar 52% das ruas do centro histórico.   

Quando o Mose estiver 100% concluído, em dezembro de 2021, as comportas serão acionadas quando a maré superar 110 centímetros.   

O sistema já passou por testes em julho, agosto e setembro, mas ainda não entrou em ação em situações de emergência As barreiras ficam na Bocca di Malamocco, na Bocca di Chioggia e na Bocca di Lido (esta é dividida em duas por uma ilha artificial), os três acessos da Lagoa de Veneza ao Mar Adriático.   

A decisão sobre o acionamento ficará a cargo da comissária extraordinária do governo para o Mose, Elisabetta Spitz. Durante o levantamento das comportas, a Lagoa de Veneza ficará fisicamente separada do Mar Adriático, interrompendo o tráfego marítimo.   

Alagamentos – O centro da capital do Vêneto se distribui por ilhas situadas na Lagoa de Veneza, que sofre regularmente com a “acqua alta”. Mais comum entre o fim do outono e o início do inverno europeu, esse fenômeno ocorre quando o Adriático sobe e invade a área lagunar, inundando a parte mais famosa da cidade.   

A solução encontrada para combater o problema é o sistema Mose, acrônimo de Módulo Experimental Eletromecânico e que também remete ao personagem bíblico Moisés (Mosè, em italiano). O projeto foi iniciado em 2003, mas escândalos de corrupção adiaram o fim das obras para dezembro de 2021.   

A maior “acqua alta” já registrada em Veneza teve 194 centímetros, em 1966, mas, em novembro passado, ocorreram quatro marés superiores a 140 centímetros, algo inédito para um único mês em toda a história da cidade. A maior delas teve 187 centímetros. (ANSA).