O retorno às atividades presenciais na maioria das cidades brasileiras traz o desafio de evitar uma segunda onda da Covid-19. Solução desenvolvida pela empresa OPTO Space and Defense em parceria com o Instituto SENAI de Sistemas Embarcados, em Florianópolis, vai ajudar a evitar a disseminação do novo coronavírus em aglomerações. A OPTO ThermoScan é uma plataforma de software de visão computacional e inteligência artificial capaz de identificar mais de 20 pessoas febris a até 10 metros de distância.

O sistema de imageamento permite a identificação precoce de estado febril. Desenvolvido para trabalhar na faixa de temperatura de 32°C a 42°C, o equipamento tem sensibilidade de 0,3°C, o que permite a análise rápida e precisa. A inteligência artificial foi utilizada para identificar pessoas usando máscaras e óculos. Com isso, é possível segregar potenciais vetores de transmissão, evitando a propagação da doença.

Concebido a partir de um sistema de vigilância para emprego em carros de combate, o sistema também envia alertas quando os algoritmos de inferência de temperatura identificam uma pessoa com febre. A plataforma possui ainda informações suficientes para que a pessoa febril possa ser localizada.

O projeto é um dos 34 selecionados na categoria Missão contra a Covid-19 da Plataforma Inovação para a Indústria. A categoria surgiu da parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Foram investidos R$ 27,7 milhões nos projetos selecionados, que ajudam a prevenir, diagnosticar e tratar os efeitos do novo coronavírus. Os projetos foram desenvolvidos na rede de 27 Institutos SENAI de Inovação, distribuídos pelo país.

“O SENAI possui a maior rede de apoio à inovação e ao aumento de produtividade na indústria e um dos seus diferenciais é a capacidade de desenvolver soluções tecnológicas, muitas vezes complexas, de forma rápida e em escala nacional”, explica o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. “Os projetos selecionados na categoria Missão contra a Covid mostraram que basta haver incentivos ao espírito empreendedor do brasileiro que o ecossistema de inovação consegue responder aos desafios que surgem no país”, analisa.

Sistema pode ser usado em locais de grande fluxo de pessoas

O equipamento, portátil, é indicado para ambientes com grande fluxo de pessoas, como estádios, aeroportos, estações de metrô e ônibus, escolas, fábricas, entre outros. O produto, que já está pronto para ser comercializado, é disponibilizado pela OPTO Space and Defense em três versões, de acordo com a aplicação final.

“A tecnologia e a produção são nacionais, havendo domínio do conhecimento tanto no que diz respeito aos algoritmos para identificação das pessoas, quanto no ajuste dos sensores, referência e parametrização para estimativa da temperatura corporal e detecção de possível estado febril”, explica o engenheiro de Desenvolvimento da OPTO Space and Defense, Daniel dos Santos Júnior. “Além do software, um número significativo de partes e peças, toda a integração e ajustes dos produtos são feitos no Brasil”, completa.

A Plataforma Inovação para a Indústria (antigo Edital de Inovação para a Indústria) é uma iniciativa do SENAI e do Serviço Social da Indústria (SESI). Desde que foi criado, em 2004, foram selecionados mais de mil projetos inovadores, nos quais foram investidos mais de R$ 817 milhões. As propostas escolhidas recebem recursos e apoio para desenvolvimento de uma prova de conceito, passando por processos de validação, de protótipo e de teste na rede de inovação e tecnologia do SENAI.

Entre os selecionados está o projeto apresentado em parceria da empresa Repsol Sinopec Brasil com o SENAI-Cimatec para usar supercomputador da instituição. Entre outras ações, a ferramenta dará suporte ao diagnóstico, usando imagens médicas de raio X e de tomografia para identificar o potencial de lesões que se caracterizem como da Covid-19. A inteligência artificial será capaz de avaliar as imagens e dar o percentual de chance de o paciente estar ou não com a doença.

Spray torna superfícies resistentes ao Covid-19

A empresa TNS Nanotecnologia também foi selecionada com projeto que torna superfícies resistentes ao Covid-19. No revestimento antiviral, são utilizadas diferentes tecnologias para a ancoragem das nanopartículas de prata, tornando superfícies comuns em áreas capazes de inativar o vírus. O produto pode ser usado em maçanetas, mesas, bancadas, balcões de atendimento de materiais como inox, madeira, laminado sintético e tecidos.

O revestimento é de fácil manuseio e aplicação por spray, sem a necessidade de preparar a superfície previamente. Com uma quantidade pequena, é possível revestir uma grande área, na qual se forma uma película de proteção muito fina e transparente que, ao se aproximar do vírus, libera um íon, capaz de eliminar ou inibir a propagação. O projeto, realizado em parceria com a Paumar (WEG Tintas), foi desenvolvido e testado no Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, no Paraná.

Outro projeto desenvolvido na rede de inovação do SENAI foi apresentado pela startup SII Technology. O equipamento utiliza luminárias de raio UV-C para desinfecção contra o Covid de até 40 ônibus por noite. O raio UV-C não deixa resquícios químicos e é mais sustentável do que outras formas de limpeza, pois não gera resíduos tóxicos para o meio ambiente.