Após preocupações sobre falta de liquidez, o sistema bancário dos Estados Unidos, agora, parece estar com problema oposto: excesso de dinheiro. As tendências observadas no mercado de recompra (repo) mostram que “oferta de caixa é abundante”, escreveram analistas do KWB.

Com acesso ao dinheiro, empresas estão guardando os recursos em poupanças, o que, juntamente com a liquidação de ativos de risco, inunda os bancos com liquidez. Os depósitos em bancos comerciais dos EUA cresceram mais de US$ 420 trilhões do final de fevereiro até 18 de março, quantidade extraordinária que faz com este possa ser o pior março para crescimento de depósitos, segundo a Autonomos Research.

Nesse contexto, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) autorizou que os bancos maiores excluam temporariamente Treasuries e depósitos em dinheiro no Fed da conta de seus ativos para certos cálculos sobre nível de alavancagem. Os bancos podem emprestar apenas uma parcela do que detêm pelas regras de capital, portanto muito desses depósitos termina realmente parado no Fed ou em Treasuries.

O BC americano informou que sua regra temporária permitiria reduzir as exigências de capital em cerca de 2%. Também pediu que os bancos não usem essa capacidade liberada para distribuir capital aos acionista, mas para “mitigar os efeitos das restrições (de capital) e possibilitar um melhor apoio à economia”.

Agora, o desafio é chegar o dinheiro aos setores que mais necessitam. Mesmo para os bancos, que ainda enfrentam outras exigências de capital, liberar alavancagem não significa que terão predisposição ilimitada para emprestar, nem deveriam fazer isso. A liquidez é parte importante para permitir que o crédito flua. Mas ela não pode ir tão longe para ajudar as pessoas que perderam seus empregos ou as companhias que não têm clientes.

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