Nascida Elisabeth Amalie Eugenie da Casa de Wittelsbach, aquela que ficou famosa como a ensolarada Sissi, a Imperatriz, retratada no filme de 1956, estrelado por Romy Schneider, na verdade sintetizava a melancolia da Era Vitoriana.

Era uma mulher audaciosa, mas que passou a vida sofrendo com tragédias pessoais. Foi responsável também pelas primeiras sementes do que seria o feminismo nos rebeldes anos 1960. Sua história inspirou a nova série A Imperatriz, que tem como foco principal as intrigas na Corte de Viena.

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Criada por Katharina Eissen para a Netflix, a produção tem à frente os diretores Katrin Gebbe e Florian Cossen, além da atriz alemã Devrim Lingnau no papel principal. É mais um caso em que a beleza de Sissi, a paixão pela vida ao ar livre, viagens, poesias e desilusões, tornou-se tema para obras de arte. Sua trajetória já inspirou diversos meios, de filmes a livros, de peças de teatro a balés, ao longo dos 125 anos desde seu assassinato, em 1898.

Sissi teve uma vida de desafios sociais e aventuras, mas também de períodos de profunda depressão após a morte da filha Sophie, de apenas dois anos. Mais tarde, sofreu com o suicídio (ou homicídio não elucidado) do filho Rodolf, aos 30 anos.

Sissi, a imperatriz: Conheça a história da personagem cuja vida ainda encanta
ATENTADO A morte de Sissi, aos 50 anos: atingida por um anarquista italiano, em Genebra (Crédito:Divulgação)

Esguia e alta para a época (com 1,72 m, não se permitia pesar mais que 50 kg), a imperatriz adotou roupas escuras, em luto permanente. Mas, paradoxalmente, fazia ginástica, tornou-se exímia amazona e, aos 50 anos, começou a jogar esgrima. Tratava dos longuíssimos cabelos com uma mistura de ovos e conhaque.

Cuidava da pele, com loções e cremes, mas também da alma: além do alemão, falava francês, inglês e húngaro. Passava as noites escrevendo poemas com fortes traços de ironia ou apreciando romances e livros de filosofia. Viajava por terra, mar e ar, entre o Mediterrâneo e regiões do Triestre, Dalmácia e Grécia, com predileção pela ilha de Corfu. Teve até um vagão-dormitório construído especialmente para ela para os deslocamentos por trem.

Nobre e indomável

A vida de Sissi era bem mais fácil na infância, quando percorria a cavalo os campos ao redor do castelo Possehnofen, à beira do lago Starnberg, onde a família morava no verão.

No inverno de 1837, quando nasceu a segunda filha de Maximilian, o duque da Baviera, com a princesa Ludovika, a residência era o palácio Herzog-Max, em Munique – que passaria a ser parte do Império Alemão em 1871).

A partir dos 16 anos, a vida deixou de ser tão bela: a tia Sophie, que não queria uma estranha como nora, promoveu uma visita das sobrinhas Helene e Elisabeth, a Sissi, ao filho Franz Joseph, de 23 anos, e imperador da Áustria desde os 18. O casamento de Sissi e Franz Joseph, em 1854, em Viena, se deu em meio ao sufocante clima da Corte de Habsburgo.

Com pouco mais de 30 anos, Sissi já não permitia fotos e retratos seus, escondendo-se atrás de guarda-sóis e leques. Era adepta de certas modernidades: bebia cerveja, fumava e andava de moto, deslocando-se incansavelmente com uma identidade falsa. Morreu durante uma viagem a Genebra, aos 60 anos, assassinada pelo anarquista italiano Lugi Lucheni, com a ponta de uma faca fina que atingiu o seu coração.

Inspiração para o mundo

Sissi, a imperatriz: Conheça a história da personagem cuja vida ainda encanta
INTRIGAS A atriz alemã Devrim Lingnau interpreta Sissi na série da Netflix: bela e rebelde (Crédito:Divulgação)

Além da nova série A Imperatriz, que segue o rastro da trilogia Sissi para o cinema, de 1950, interpretada por Romy Schneider e dirigida por Ernst Marischka, a história de sua vida inusitada continua sendo remodelada e recontada.

Até no Japão a imperatriz está representada: ela inspirou um musical, em cartaz no teatro Takarazuka Revue desde 1995. A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís teve seu romance A Corte do Norte, de 1987, transformado em filme pelo diretor João Botelho, em 2008.

No ano seguinte, foi tema de uma minissérie produzida por alemães, austríacos e italianos, com a italiana Cristiana Capotondi no papel principal.

Quem quer conhecer os cenários onde a imperatriz viveu pode visitar palácios por onde Sissi circulou na Europa, e ver mobílias, baixelas, vestimentas, retratos e obras de arte da família.

Um dos mais conhecidos é o Museu Sissi, que fica no complexo do Palácio Imperial de Viena, na Áustria, conhecido com Hofburg.