L’AQUILA, 06 ABR (ANSA) – Uma vela acesa nas varandas ou janelas nas casas dos moradores entre a noite deste domingo (05) e segunda-feira (06) foi a forma encontrada pelos italianos para homenagear as 309 vítimas do terremoto em L’Aquila há exatos 11 anos. Por conta da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), pela primeira vez, não serão realizadas cerimônias públicas para lembrar a data. No ano passado, mais de 15 mil pessoas foram ao centro da cidade para prestar sua homenagem e para cobrar a aceleração das obras de reconstrução, que ainda não foram finalizadas.   

“No dia do aniversário, desejo renovar os sentimentos de proximidade e solidariedade a todos os moradores, aqueles que nas cidades e vilarejos vizinhos compartilharam sejam os momentos trágicos, sejam os trabalhos da retomada”, afirmou em um vídeo especial o presidente do país, Sergio Mattarella.   

O mandatário ainda lembrou de outros terremotos que atingiram a nação nos últimos anos, como o registrado em 2016 em Amatrice e cidades vizinhas.   

“Aos nossos conterrâneos de numerosos outros territórios do centro da Itália que, no passar de poucos anos, encontraram-se vivendo dramas análogos e agora estão comprometidos, como em L’Aquila, a reconstruir-se e a reconstruir a Itália à plenitude da vida social. A reconstrução de L’Aquila continua uma prioridade e um compromisso inderrogável para a República. Os cidadãos tem o direito do cumprimento das obras, ao retorno completo e a liberdade da vida em comunidade”, destacou ainda.   

Mattarella também ressaltou que as imagens do terremoto de 11 anos atrás deixaram “marcas indeléveis nas mentes e nos corações dos cidadãos” de todo o país e que esse momento, em que “uma emergência nacional e global se sobrepôs àquele itinerário de reconstrução que os moradores estão percorrendo”, as obras foram diminuídas, mas isso pede ainda “dedicação, tenacidade e trabalho”. Por sua vez, o prefeito da cidade, Pierluigi Biondi, agradeceu a homenagem dos italianos para a cidade e disse que o “corpo de L’Aquila é o corpo de todo o território”. O ex-prefeito Massimo Cialente lembrou que a atual pandemia fez com que “a vida nos tirasse a segunda Páscoa em 11 anos”. “Para nós, é uma outra pancada forte no psicológico, mas paradoxalmente, nós sabemos o que quer dizer ficar fechados em tendas ou em albergues por dias de solidão ou em silêncio. A única coisa verdadeira é que com esse isolamento, não conseguimos ter um luto coletivo”, concluiu.   

Já o cardeal de L’Aquila, Giuseppe Petrocchi, afirmou que o “alerta do coronavírus não conseguirá silenciar a memória do trágico sismo de 2009”. “A cidade confiará sua voz às 309 badaladas do sino que, à noite, lembrará de cada uma das vítimas do terremoto. Essas batidas, longas e solenes, pretendem abraçar com seu eco também a dor de todas as famílias que perderam seus entes queridos, perdidos em circunstâncias difíceis, também por causa do contágio”, disse o religioso sobre a tradicional cerimônia de lembrança das vítimas.   

O sismo aconteceu no dia 6 de abril e atingiu 6,3 graus na escala Richter, sendo um dos mais fortes da história da Itália.   

Além das 309 vítimas, mais de 1,6 mil pessoas ficaram feridas e outras 70 mil perderam total ou parcialmente suas residências. O trabalho total de reconstrução só será finalizado em 2022.   

(ANSA)