BEIRUTE, 17 JUL (ANSA) – O presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, anunciou nesta quinta-feira (17) a transferência da responsabilidade da manutenção de segurança na cidade de Sweida, no sul do país, a facções locais e xeques drusos. Ele também agradeceu a mediação dos Estados Unidos, de nações árabes e da Turquia no conflito após a inserção de Israel, que deixou mais de 500 mortos.
“Decidimos que as facções locais e os xeques sábios assumirão a responsabilidade de manter a segurança em Sweida, [pois queremos] evitar o alastramento de uma nova guerra em larga escala”, declarou Sharaa em discurso na TV estatal.
Na declaração, o chefe de Estado interino sírio explicou que Damasco tem duas opções: “uma guerra aberta com entidades israelenses bancadas às custas do nosso povo druso, de sua segurança e da estabilidade da Síria e de toda a região” ou “dar aos anciãos e xeques drusos a oportunidade de recobrar o juízo e priorizar o interesse nacional”.
Desde sexta-feira (11), o país vive um novo confronto interno, que começou com hostilidades entre os drusos, que formam a maior parte da população da província de Sweida, e tribos beduínas com apoio de forças do governo, mas que se intensificou na terça (15) com a entrada de Israel sob a justificativa de “defender o povo druso”.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (Sohr), o confronto em Sweida matou ao menos 516 pessoas até então.
Ontem, o governo de Damasco anunciou um novo cessar-fogo no sul do país, ao mesmo tempo que o exército israelense iniciava os primeiros ataques contra a capital, matando ao menos três e ferindo 34.
Sharaa, que hoje prometeu que irá punir os responsáveis pelos ataques contra a minoria drusa, “que está sob a proteção e responsabilidade do Estado”, também agradeceu a mediação dos EUA, dos Estados Árabes e da Turquia de terem “salvado o país de um destino desconhecido”, criticando Israel por ter atacado alvos civis e estatais.
“A entidade israelense recorreu a um ataque em larga escala contra instalações civis e governamentais, que teria empurrado a situação para uma escalada se não fosse a intervenção eficaz da mediação americana, árabe e turca, que salvou a região de um destino desconhecido”, concluiu o presidente, que ordenou nesta quinta a retirada das forças do governo de Sweida.
A nova crise no Oriente Médio gerou comentários da União Europeia. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou estar acompanhando “com atenção os últimos acontecimentos na Síria” e pediu “às autoridades locais a proteger todos os membros das minorias religiosas e étnicas sem distinção”.
“Saúdo a atual trégua negociada pelos EUA e parceiros regionais e peço a todas as partes que honrem seus compromissos”, escreveu Costa nas redes sociais. (ANSA).