CIDADE DO VATICANO, 19 SET (ANSA) – O Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano, e é motivo de preocupação para o governo Bolsonaro, terá um discurso forte contra o extrativismo e em defesa da preservação da floresta.   

É o que promete o padre colombiano Dario Bossi, que vive como missionário no Brasil e é membro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), organização católica que reúne representantes dos oito países da região: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além da Guiana Francesa.   

A Repam tem como uma de suas fundadoras a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e trabalha ativamente na organização do Sínodo. “O Sínodo, naturalmente, não é um ato de política partidária.   

Mas, a partir de sua doutrina socioambiental, este Sínodo com certeza dirá palavras fortes sobre a urgência política de fazer crescer a Amazônia em um contexto de emergência climática e contra todos os tipos de extrativismo que a ameaçam”, disse o sacerdote, em entrevista à ANSA.   

Bossi acrescentou que os recentes incêndios na Amazônia são um sinal “evidente” de que o governo Bolsonaro prefere “financiar e favorecer projetos de grandes empresas e do latifúndio”. “O projeto do governo é a expansão da monocultura, da soja e da criação de gado”, declarou.   

O padre da Repam também criticou a gestão Bolsonaro pelos cortes nos recursos destinados a agências de proteção ambiental, como o Ibama. “Além disso, [o governo] desvalorizou e desmontou a qualidade de agências de investigação e denúncia de danos ambientais, como o Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]”, ressaltou Bossi.   

O Sínodo de outubro terá como principal objetivo discutir novas formas de evangelização para recuperar o espaço perdido pela Igreja Católica na Amazônia, como a ordenação de indígenas casados como padres, mas também abordará a preservação da floresta.   

A primeira encíclica do papa Francisco, a “Louvado seja”, é dedicada à natureza e pede a proteção da “casa comum”, além da criação de modelos sustentáveis de desenvolvimento. No início do ano, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Augusto Heleno, reconheceu que o governo estava “preocupado” com a assembleia episcopal.   

O Sínodo terá como relator um brasileiro, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Cláudio Hummes, mas é alvo de oposição dentro da própria Igreja, especialmente de ultraconservadores, que alegam que o Pontífice não deve dar atenção a temas ambientais.   

(ANSA)