Síndrome do Salvador: Psiconegealogista Roberta Calderini alerta sobre a necessidade de ajudar todo mundo

Síndrome do Salvador: Psiconegealogista Roberta Calderini alerta sobre a necessidade de ajudar todo mundo

Conhecida como a necessidade constante de ajudar outras pessoas, a Síndrome do Salvador é um sintoma comum da dependência emocional e de relacionamentos tóxicos. Relatada na psicologia pela primeira vez em 1968, a síndrome pode abalar a confiança, a autoestima e as relações interpessoais de um indivíduo.

De acordo com a psicogenealogista e terapeuta junguiana Roberta Calderini, a vontade de ajudar sem medir esforços e consequências, pode ter origem na criança ferida interior. “Essa criança necessita de reconhecimento. Ela adota esse comportamento para, de certa forma, buscar o controle das pessoas”, explica.

Há uma relação entre amor e sacrifício estabelecida na mente desse indivíduo, seja por traumas da infância, ou mesmo crenças religiosas. “O salvador se sente na obrigação de fazer tudo pelo outro, a ponto de esquecer-se de si mesmo. É refém da sobrecarga de favores para se sentir amado e aceito. Isso também eleva o sentimento de importância no interior desse sujeito, que acredita que as pessoas serão gratas e lhe amarão devido à devoção que ele demonstra por elas”, diz.

O problema de estabelecer relações sob a ótica da Síndrome do Salvador, segundo a terapeuta, é que, ao fazer tudo pelo outro, a pessoa deixa de lado o autocuidado e se sobrecarrega de favores para se sentir amada e aceita. “Essa síndrome sobrepesa e sufoca as relações, sendo o motivo de muitos términos, brigas e frustrações”, alerta Roberta Calderini.

De acordo com a psiconegealogista, é preciso curar essa dor que começou na infância e, por meio de técnicas e terapias, trabalhar a independência emocional. “É preciso encontrar um equilíbrio entre dar e receber. O amor não se constrói com sacrifícios. Você não é amado apenas quando é útil a alguém”, lembra Roberta Calderini.

Para chegar à conclusão de que as relações não podem se basear em codependência, a terapeuta aponta que o indivíduo pode precisar de ajuda especializada. “Entender essa dinâmica sozinho pode até ser possível, mas combater os comportamentos de ‘Salvador’ não”, destaca a psicogenealogista.
Aprender a dizer não, estabelecer limites e se entender como o único responsável pela própria vida e escolha são o início da libertação da síndrome do salvador. “É preciso ressignificar a forma como você foi ensinado sobre sacrifícios e relações, entender que não é egoísmo cuidar de si antes de cuidar do outro e, principalmente, que ajudar é não esperar nada em troca”, pontua Calderini.