Para algumas pessoas, o sentimento de insuficiência é parte da rotina, e muitas vezes ele é acompanhado pelo medo de nunca ser boa o suficiente. Essa condição é a causa de muito sofrimento, e ela tem nome: síndrome do impostor.

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A síndrome do impostor faz com que pessoas questionem se realmente são dignas de seu sucesso e suas realizações, por maiores que sejam. Elas sentem que são fraudes e vivem em constante medo de serem “pegas”. E apesar de poder afetar qualquer um, ela é mais recorrente entre as mulheres — especialmente as mulheres negras

“Quando você soma ser racializada à ser mulher, a probabilidade de experimentar a síndrome do impostor aumenta”, declara a professora de psicologia Linda Iwenofu à “Slice”, de onde são as informações. 

De onde vem a síndrome do impostor?

Mulheres não-brancas se expõem à sociedade com a consciência de que as pessoas já possuem uma opinião sobre elas. Grupos minoritários são frequentemente associados a estereótipos negativos, como não serem percebidos como líderes. Esse preconceito pode agir como um gatilho para mulheres que lutam com sentimentos de impostor.

Comentários sutis ou suposições sobre raça, gênero ou sexualidade — em outras palavras, microagressões — são muito comuns: duas em cada três mulheres já foram atacadas com elas em seu ambiente de trabalho.

A síndrome do impostor pode ser potencializada pela falta de representatividade

Pesquisas mostram que, se uma mulher assume um papel que normalmente é ocupado por homens brancos, o sentimento de “ser uma impostora” tende a aumentar.

“Se você não se vê refletida, como pode realmente acreditar que realmente pertence a esse lugar?”, questiona Linda. Enquanto cada vez mais locais de trabalho estão se esforçando para criar oportunidades de trabalho para pessoas não-brancas, surge a questão do tokenismo — o esforço superficial para incluir minorias ao ambiente de trabalho.  Esse fator pode adicionar outra camada de gatilhos à síndrome, ocasionando questionamentos como “eu mereço isso ou estou aqui apenas para preencher uma cota?”.

Como a sociedade pode ajudar

Para abordar a síndrome do impostor, é necessário começar consertando as instituições sociais existentes, como escolas e locais de trabalho. Desfazer cenários estritamente “eurocêntricos, masculinos e heteronormativos”, como diz Tina Opie, professora associada do Babson College, nos Estados Unidos. Isso pode ser feito contratando mais mulheres negras, implementando programas de treinamento de liderança e oferecendo apoio concreto à saúde mental que reconheça os preconceitos da sociedade.

Autocuidado é essencial

Apesar do progresso, as injustiças sistêmicas ainda estão longe de acabar. Por isso, o autocuidado não deve ser deixado de lado. “Parte de cuidar de si mesma significa lidar com sentimentos de ser uma impostora”, pontua Linda.

Lembre-se que você não está sozinha, e que até mesmo as mulheres mais bem-sucedidas já se sentiram como fraudes. Tente encorajar-se com palavras positivas e, se sentir à vontade, busque ajuda profissional com um psiquiatra ou psicólogo.