Caroline Aguiar, influenciadora digital e mulher do cantor Frank Aguiar, chamou a atenção nas redes sociais nesta semana, ao relatar um grave problema de saúde que enfrentou. Ela foi diagnosticada com Síndrome de Stevens-Johnson, uma condição rara que causa uma série de queimaduras na pele.

No relato divulgado, a influenciadora confessou ter feito um vídeo se despedindo, pois achou iria morrer. “Minha boca estava toda ferida. Perdi sete quilos. Não conseguia fazer coisas simples, como andar, comer doía muito, xixi nem se fala”, descreveu.

O que é Síndrome de Stevens-Johnson

À ISTOÉ Gente, a médica responsável pelo tratamento de Caroline, Ludmila Penido, dermatologista do Hospital Assunção, da Rede D’Or São Luiz, explica que a Síndrome de Stevens-Johnson é uma doença rara e grave, que afeta de uma a duas pessoas em cada milhão. 

Segundo Lidia Machado, dermatologista da Clínica Juliana Piquet (RJ), a condição pode ser desencadeada pelo uso de determinados remédios. “Geralmente ocorre entre uma a três semanas após o uso da medicação envolvida, mais comumente sulfas, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes”, detalha. 

Ludmila completa a explicação pontuando que a síndrome também pode estar associada a infecções ou vacinas. “Ocorre por uma reação do sistema imunológico, como uma espécie de reação alérgica grave. Pode acometer todas as idades e ter mais chance de ocorrer em indivíduos imunologicamente deprimidos, além de haver também uma tendência hereditária”, informa. Logo, não existe prevenção específica.

As possíveis complicações são desidratação, infecção generalizada, pneumonia e falência de múltiplos órgãos, lista a dermatologista do Hospital Assunção. “Nos casos muito graves, órgãos internos podem ser afetados e o acometimento ocular pode levar à cegueira”, detalha.

Sintomas e diagnóstico da Síndrome de Stevens-Johnson

Se atentar aos sintomas é importante. “O início das lesões cutâneas pode ser insidioso com placas vermelhas e manchas que evoluem progressivamente para bolhas grandes, que podem tomar todo o corpo. Febre, dor no corpo e mal-estar também são sinais comuns”, lista a dermatologista da Clínica Juliana Piquet.

“Nos casos causados por medicações, que são a maioria, os sintomas iniciam entre uma a três semanas após a exposição à droga e ocorre um quadro com febre e sintomas semelhantes ao da gripe. Alguns dias depois, a pele começa a formar áreas de bolhas, esfoliar e descolar, formando grandes áreas de ulceração que se estende também para as áreas de mucosas, como boca e olhos”, complementa a especialista responsável pelo tratamento de Caroline Aguiar.

O diagnóstico da condição é clínico, a partir de exame médico, diante dos sinais e sintomas do paciente, considerando, também, o padrão de lesões de pele e mucosas. 

Lidia defende o diagnóstico precoce e alerta: “Reações cutâneas devem ser sempre avaliadas por dermatologista. A automedicação é extremamente perigosa, muitos pacientes atrasam o diagnóstico pois se automedicam com antialérgicos em casos de reações cutâneas”.

Tratamento 

O paciente diagnosticado com Síndrome de Stevens-Johnson deve ser tratado como um grande queimado, em uma unidade de terapia intensiva, informa Ludmila. Além disso, a suspensão da medicação causadora do processo também é essencial.

Segundo a médica, a condição tende a durar de duas a quatro semanas, tempo que a pele precisa para crescer novamente. No entanto, manchas e cicatrizes podem ser permanentes.

“É uma reação grave, com alta mortalidade, mas uma vez controlada o paciente fica curado”, tranquiliza Lidia.