Para uma geração workaholic, a Síndrome do Esgotamento Profissional (Burnout) se tornou comum — chegando a afetar 33 milhões de pessoas no Brasil. Mas apesar de facilmente reconhecíveis, seus sintomas podem ser confundidos com outras doenças.

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Noites mal dormidas, cansaço físico e mental e fadiga estão entre os males do Burnout. No entanto, esses também são sintomas de distúrbios do sono, como a apneia do sono — que, segundo uma pesquisa de 2018 da empresa de tecnologias de saúde Resmed, acomete quase um bilhão de pessoas no mundo. 

O psiquiatra com especialização em sono, dor e psiquiatria geriátrica Fábio Aurélio Costa Leite indica que um ponto importante a ser observado é se o sono atrapalha o trabalho  — o que seria um indício de apneia do sono — ou se o trabalho é que atrapalha o sono — um sintoma claro de Burnout. “A partir daí, seguir com uma investigação diagnóstica detalhada para a busca do tratamento adequado”, aconselha o especialista, que alerta: “Sempre há uma via de mão dupla entre depressão, ansiedade e transtornos do sono, sobretudo insônia”. Isso significa que o Burnout teria a capacidade de desencadear distúrbios do sono e vice-versa. 

Apneia do sono X Burnout 

Apesar de algumas semelhanças nos sintomas, a apneia do sono é um distúrbio relacionado à piora da qualidade de vida, sono e problemas de saúde como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares — e deve ser investigada e tratada nos casos moderados e graves.

Alguns sinais que podem indicar a presença da apneia do sono são: roncos, cansaço diurno constante, dificuldade de concentração, dores de cabeça matinais, humor depressivo, falta de energia, esquecimento e hábito constante de acordar para ir ao banheiro. Ainda segundo a ResMed, a condição é frequentemente subdiagnosticada, e até 80% das pessoas com apneia moderada e grave não conhecem seu diagnóstico. 

Tratamento

Quem desconfia que pode estar sofrendo de distúrbios do sono ou de Burnout deve, primeiramente, consultar especialistas das duas áreas, para obter o diagnóstico correto. No caso do Burnout, o tratamento envolve o afastamento completo do ambiente de trabalho, muitas vezes por tempo indeterminado.

Já para a apneia do sono, o tratamento mais comum é a adoção regular do CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas). Trata-se de um aparelho de respiração que deve ser utilizado durante o sono e, no Brasil, é comumente comercializado pela ResMed.

Aparelho CPAP (Crédito:ResMed)

Como evitar o efeito cascata

Fábio pontua que, para evitar que um distúrbio desencadeie o outro, é necessário adotar uma política de desintoxicação do ambiente de trabalho. Ele recomenda a realização de exames periódicos de saúde mental, com investigação e rastreamento de sinais de ruptura emocional e acompanhamento psicossocial.

Além disso, por parte das empresas, implantar programas que busquem incentivar a qualidade do sono e proporcionar meios para investigação de possíveis queixas indicativas de sono prejudicado; bem como manter uma política de respeito pelo repouso noturno dos trabalhadores, evitando demandas que invadam a noite.