Sindicatos de vários países uniram-se para apresentar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) denúncias por assédio sexual sistêmico no McDonald’s. Em relação ao Brasil, o documento encaminhado ao Dutch National Contact Point (NCP), responsável por observar as diretrizes da OCDE para multinacionais, mostra que o Ministério Público do Trabalho recebeu 23 queixas com sérias indicações de assédio moral, assédio sexual e discriminação racial nas dependências da rede de fast-food. A denúncia abrange sete países e reúne sindicatos da Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, França, Reino Unido e Estados Unidos.

A denúncia também envolve dois grandes bancos de investimento, que, juntos, detêm participação de US$ 1,7 bilhão no McDonald’s: APG Asset Management, na Holanda, e Norges Bank, na Noruega.

A denúncia diz que os sistemas de monitoramento interno e externo do APG Asset Management e do Norges Bank deveriam alertá-los para o crescente problema de assédio sexual na rede.

Essa é a primeira queixa do gênero já apresentada à OCDE para tratar do fim de assédio sexual sistemático em uma empresa multinacional.

A União Internacional de Trabalhadores da Alimentação (International Union of Foodworkers), a Federação Europeia de Sindicatos da Alimentação, Agricultura e Turismo (European Federation of Food, Agriculture and Tourism Trade Unions), a brasileira União Geral dos Trabalhadores (UGT) e o Sindicato Internacional de Trabalhadores em Serviços (SEIU, dos Estados Unidos e Canadá) assinam a denúncia, com base nas diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais.

Segundo Sue Longley, secretária geral da União Internacional de Trabalhadores de Alimentação (International
Union of Foodworkers, em inglês) em release enviado à imprensa, o McDonald’s deixou de agir para criar um
local de trabalho seguro.

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A denúncia diz existir um padrão de assédio sexual e violência de gênero no McDonald’s, variando de comentários obscenos à agressão física. O documento traz relatos de “dezenas de casos nos Estados Unidos nos quais trabalhadores de 16 anos acusaram supervisores de conduta imprópria, incluindo tentativa de estupro, exposição indecente, toques indesejados e ofertas sexuais. As mulheres disseram ter sido ignoradas, ridicularizadas ou punidas quando denunciaram os casos à empresa”.

No Brasil, foi relatado que, “em dezembro de 2019, um promotor público encontrou ‘sérias indicações de prática de assédio moral, assédio sexual e discriminação’ em 23 queixas de trabalhadores do McDonald’s em todo o País. As queixas incluíam toques indesejados, provocações verbais e outras más condutas dos supervisores”.

Na França, “um gerente do McDonald’s na França instalou uma câmera de celular no vestiário feminino e filmou secretamente jovens mulheres trocando de roupa”, segundo release enviado à imprensa.

A denúncia também alega que a empresa ignorou as diretrizes da OCDE ao se recusar a envolver os trabalhadores e seus representantes para abordar o assédio sexual e o assédio de gênero em suas lojas.

Procurada, a empresa Arcos Dorados, que controla o McDonald’s no Brasil, não respondeu até a publicação deste texto.


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