06/03/2020 - 13:14
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo do Campo (Sindserv), José Rubem Nascimento Lopes, renunciou ao cargo na última quarta-feira 4, “por não concordar em sacrificar o servidor para servir a um partido, o PT”. O sindicalista é ligado ao PT e em carta dirigida à categoria, sobretudo aos servidores da Prefeitura de São Bernardo, disse que não se sente mais confortável em servir ao partido e seus interesses eleitorais, em detrimento do funcionalismo que representa. “Não posso trair o trabalhador para servir a um partido (PT). Falo todos os dias com os servidores públicos, trabalhadores, pais de família, e posso garantir: os servidores não agüentam mais esse modelo retrógrado de sindicalismo domesticado. Muitos querem trabalhar, não querem só serem militantes. Isso não funciona mais. Comprometer a segurança da aposentadoria sagrada do trabalhador para fazer política, é inadmissível”, disse Nascimento Lopes em sua carta.
Para ele, os trabalhadores de São Bernardo do Campo, berço do sindicalismo petista, estão cansados de serem usados pelo PT. “O mundo mudou. As profissões mudaram. O trabalhador mudou, se adaptou, mas os sindicalistas partidários pararam no tempo. Há pouco tempo, quem poderia imaginar que um aplicativo virtual, como o Uber, poderia gerar tantas oportunidades de trabalho?”, questiona o líder petista, que agora acaba de romper com o partido, que, em São Bernardo do Campo, é dominado pelo ex-prefeito Luiz Marinho. “Essa insistência egoísta e cega de usar o sindicato para fazer votos, gerou demissões em massa em São Bernardo e criou esse modelo que gera divisão nas categorias e desemprego”, acrescentou o ex-dirigente.
Na carta dirigida aos funcionários públicos de São Bernardo, Nascimento Lopes acusa os petistas da cidade, como Luiz Marinho, de usar os trabalhadores como “massa de manobra”. “Cansei de chantagem, de mentiras e de sofrer tentativas de ser usado como massa de manobra. Está muito claro para mim que o bem mais precioso do trabalhador é o trabalho. Por isso, não acho justo criar pânico na fragilidade do trabalhador para tentar tirar vantagem política. Esse modelo não funciona mais”, desabou o ex-sindicalista petista. Ele bate pesado nos que usam os sindicatos para fazer política partidária. “O modelo antigo de usar o sindicato para fazer política não funciona mais. As lutas históricas dos sindicatos para defender o trabalhador sempre nos deram muita força, mas essa força começou a se perder quando passaram a usá-la para fazer política. E hoje, está frágil sem adesão. Já cansou. Um líder sindical deve lutar pelos trabalhadores e não usá-los para um partido”.