Há no mundo cerca de mil projetos-piloto das chamadas “smart cities”, cidades inteligentes onde sistemas conectados por redes 5G interagem com a população e entre si por meio de inteligência artificial, internet das coisas, wi-fi e aplicativos na nuvem. Mais da metade dessas metrópoles estão na China. Nesses grandes centros urbanos, que atraem 1,5 milhão de novos moradores a cada semana, a população sente os benefícios e as melhorias na qualidade de vida. O conceito inclui a sustentabilidade das ações, única forma de dar conta dos 10 bilhões de pessoas que circularão pelo planeta em 2050 – 68% delas viverão em áreas urbanas, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em nome da eficiência e da rapidez – para ficar apenas nos exemplos da mobilidade urbana –, o presente e o futuro já compartilham as ruas desses lugares. A infraestrutura montada e integrada a partir da inteligência artificial ajuda a desatar nós do trânsito, com carros integrados ao transporte de massa, alguns deles sem motoristas, catracas ou bilhetes, onde o usuário é cobrado por reconhecimento facial.

HANGZHOU Sala de controle: problemas complexos resolvidos em minutos (Crédito:Tu meife)

A China é pioneira na adoção dessas soluções tecnológicas. Hangzhou, com 10,5 milhões de habitantes, conta com o City Brain (“Cérebro da Cidade”), sistema da gigante tecnológica Ali Baba que gerencia 128 cruzamentos, onde semáforos conectados recebem dados dos veículos por meio de sensores e ajustam o tempo das luzes para dar a cadência ideal do trânsito. Há ainda a reversão rápida de sinais vermelhos em verdes para a passagem de ambulâncias em situação de emergência – o tempo desses trajetos caiu pela metade. Acidentes são detectados em tempo real e policiais chegam ao local em períodos que não levam nem cinco minutos. Com o monitoramento de todos os carros da cidade, os engarrafamentos foram reduzidos em 15%.

Xangai, com 24 milhões de habitantes, usa o City Brain para otimizar as rotas de ônibus. E o usuário pode informar ao AliPay seus locais de partida e chegada, para receber informações sobre pontos mais próximos e ônibus necessários para o caminho ideal do momento (as passagens são compradas digitalmente). Na hora de estacionar, também é possível apelar ao aplicativo por celular da Huawei. Com chips instalados em 300 estacionamentos, o motorista encontra a vaga livre mais próxima, faz a reserva e paga por ela. Com isso ele ganha tempo, economiza combustível e ajuda a diminuir congestionamentos – pelo menos enquanto os carros voadores não chegam. O que, por sua vez, pode não estar tão distante assim: empresas como EmbraerX, Boeing e Bell, entre outras, já têm protótipos em desenvolvimento que em breve ocuparão os céus das cidades.