A vereadora Paolla Miguel (PT) está sendo alvo de uma Comissão Processante na Câmara Municipal de Campinas após destinar emendas para a festa “Lambuzada”, em apoio à comunidade LGBTQIAP+. O evento ocorreu no dia 14 de abril em uma praça do distrito de Barão Geral e contou com performances que estão sendo acusadas de promover nudez, simulação de sexo, apologia ao crime e incentivo ao uso de drogas.

As críticas ao evento constam na ação apresentada pelo vereador Nelson Hossri (PSD). À ISTOÉ, o parlamentar afirmou que a vereadora esteve na festa e discursou para o público presente. “Tem vídeos que mostram ela no palco e batendo palmas. Ela participou diretamente do evento”, acrescentou.

Por meio de nota enviada ao portal, a vereadora Paolla informou que os recursos destinados eram apenas para a contratação de banheiros químicos, instalação de grades e montagem de palco. Ela ainda negou qualquer conhecimento sobre a programação da apresentação e destacou que deixou o evento por conta da agenda pessoal.

“O que aconteceu lá foi inadequado, sim, por conta do local e do horário. Se tivéssemos ciência do conteúdo da apresentação, teríamos aconselhado o Poder Público a dialogar com a produção do evento para que não acontecesse”, acrescentou.

Porém, o vereador Nelson Hossri discorda. Para ele, a parlamentar deveria ter se informado sobre o que se tratava o evento. “Ela deveria ter tido mais responsabilidade para evitar esse prejuízo com o dinheiro público. O que aconteceu é incompatível com a dignidade e o decoro de uma vereadora”, disse.

O parlamentar ressaltou que a equipe do gabinete da vereadora estava presente no local e deveria ter interrompido a apresentação. “Ela deveria assumir a responsabilidade pelo ocorrido e não ficar se vitimando”, pontuou.

À ISTOÉ, a vereadora disse que se sente “extremamente atacada e perseguida pelos setores extremistas por um episódio absolutamente infundado, a partir de vídeos manipulados e nitidamente carregados de desinformação”. Também destacou que está tranquila em relação à Comissão Processante, que pode resultar na cassação do seu mandato.

O que diz a prefeitura

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, determinou, por meio de uma portaria, que todos os eventos a serem realizados no município devem informar a faixa etária e estabelecer um local adequado onde devem se apresentar.

“Esse evento nos envergonhou muito e nós estamos atuando firme para punir os responsáveis e evitar que isso aconteça novamente em Campinas”, acrescentou.

Por meio do Instagram, o grupo Bicuda, responsável pela organização da “Lambuzada”, informou que, ao notar a conduta inadequada, solicitou aos artistas que interrompessem a apresentação, que durou dois minutos.

Além disso, destacou que a vereadora Paolla Miguel “não tinha conhecimento do conteúdo das apresentações”, e acrescentou que entrou em contato com a Secretaria da Cultura para definir a classificação etária adequada para seus eventos e assim “evitar constrangimentos dessa natureza”.