Chicago, 04 – As tarifas sobre a soja dos Estados Unidos propostas pela China podem ter um impacto sobre a comercialização da oleaginosa mesmo que não sejam implementadas. A simples ameaça deve levar indústrias processadoras chinesas a cancelar compras de soja norte-americana que ainda não foram embarcadas e redirecionar a demanda para o Brasil, disseram analistas. As exportações dos EUA já estão abaixo da expectativa na atual temporada. Segundo o trader Ken Morrison, uma queda acentuada dos preços da soja norte-americana poderia atrair compradores de outros países, o que amorteceria um pouco o impacto para exportadores dos EUA. Mas “não compensaria a queda da demanda chinesa”, observou.

Para Morrison, a ameaça de tarifas contra a soja é uma tática astuta da China e pode levar os EUA rapidamente para a mesa de negociação. O país asiático é o maior comprador mundial do grão e no ano passado absorveu mais da metade das exportações dos EUA. Mesmo se a tática não funcionar, a China pode recorrer ao Brasil e se manter sem a soja dos EUA até o fim do ano, disse o trader. O país sul-americano deve colher outra safra robusta este ano. A consultoria Informa Economics elevou sua estimativa para a produção brasileira em 1 milhão de toneladas, para 116 milhões. “Sempre enxerguei as tarifas contra a soja como a ‘opção nuclear'”, afirmou Morrison. “Agora eles colocaram a ‘opção nuclear’ sobre a mesa.”

Analistas do Commerzbank disseram que a China não pode ficar sem a soja dos EUA, mas lembraram que nos próximos meses as compras chinesas de soja do Brasil devem aumentar, seguindo os padrões sazonais. Além disso, a participação da soja brasileira nas importações chinesas vem crescendo nos últimos anos. Isso permite à China fazer a ameaça sem temer alguma consequência imediata significativa, afirmaram os analistas. Fonte: Dow Jones Newswires