01/07/2018 - 11:48
A França prestou, neste domingo (1), uma última homenagem a Simone Veil no Panteão de Paris, onde ficarão os restos mortais deste ícone da luta pelos direitos das mulher e sobrevivente dos campos de concentração nazistas, agora entre os heróis da história do país.
Os caixões de Veil e seu marido foram levados ao imponente prédio neoclássico na capital francesa após uma cerimônia presidida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que contou com mil convidados, entre eles, os ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande.
Os caixões de Veil e seu marido, cobertos com a bandeira francesa, deixaram às 10h30 locais o Memorial da Shoah, um museu do holocausto, onde os franceses prestaram homenagem na sexta-feira e no sábado.
Em meio aos aplausos, os caixões foram levados lentamente ao Panteão.
Simone Veil “destruiu vários tabus, como o do lugar das mulheres na sociedade, mas também o da exterminação dos judeus”, explicou Bernard Greensfeld, que compareceu à homenagem.
“Ela não ingressa no Panteão como vítima do Holocausto, mas como alguém que derrotou o horror, e por isso está no coração das pessoas”.
Simone Veil chega ao Panteão um ano após sua morte, em 30 de junho de 2017, aos 89 anos – um prazo curto se comparado aos das 76 personalidades históricas que lhe precederam neste monumento laico.
Um dos motivos para isso “é que Simone Veil é uma figura transgeracional, cujos combates marcaram uma época”, explicou a Presidência francesa, que supervisiona a cerimônia.
“Há um certo paradoxo, inclusive uma ironia, no fato de acolher (no Panteão) uma grande combatente da Europa, num momento em que aquilo que ela contribuiu para criar vacila”, especialmente com o Brexit e as tensões entre os vizinhos acerca da acolhida de imigrantes, disse a Presidência.
“Mamãe não teria desejado que sua entrada no Panteão coincidisse com o enterro da Europa”, declarou nesta sexta-feira um de seus filhos, Pierre-François Veil.
Veil é lembrada pelos franceses principalmente por sua luta para aprovar a legislação que permite a interrupção voluntária da gravidez, em 1975, apesar da oposição de grande parte da direita do país.
Ela é a quinta mulher enterrada no Panteão. Em 1992, quando ainda não havia nenhuma no monumento funerário, declarou: “O fato de não haver nenhuma mulher no Panteão significa negar aquilo que as mulheres ofereceram à pátria no passado. E é quase como negar o que as mulheres oferecem hoje e o que se espera que ofereçam no futuro”.