Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a defender a ditadura da Venezuela e relativizar o conceito de democracia, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, contradisse o chefe do Executivo na manhã desta sexta-feira, 30, e afirmou que “governo que impede direitos fundamentais não é democrático”. Em entrevista à Globonews, Tebet disse que “cada um tem a sua interpretação”, mas que “ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”.

Questionada se concorda com o presidente de que democracia é um conceito relativo, Simone disse que ela e Lula entendem o regime democrático da mesma forma, sem entrar no mérito da declaração do chefe: “democracia é um direito fundamental, absoluto e irrevogável do povo brasileiro”.

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“Eu tenho uma visão particular sobre o governo da Venezuela. É um governo que não respeita os direitos fundamentais, o direito de liberdade de expressão, o direito do cidadão ir e vir e fazer as suas críticas, ainda que construtivas, ao governo. Pra mim, quando você tem um governo que impede esse tipo de direito que é previsto e que é absoluto para uma democracia, você não tem um governo democrático”, afirmou.

A ministra voltou a defender que “ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”. “Democracia é o direito de ir e vir, de ir às urnas e poder votar, direito do povo brasileiro de se expressar. Poucas são as limitações em uma democracia. A única, basicamente mais importante, ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”, disse.

Na noite desta quinta-feira, 29, Lula elogiou os ditadores Fidel Castro e Hugo Chávez e disse “se orgulhar” do rótulo de comunista durante o primeiro dia primeiro dia do 26º Foro de São de Paulo em Brasília.

Também na quinta-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente voltou a defender a Venezuela, dizendo que o país vizinho “tem mais eleições do que o Brasil”. “O conceito de democracia é relativo para você e para mim”, disse o petista ao entrevistador.

Em maio, Lula recebeu presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Sem citar violações de direitos humanos e políticos reconhecidos pelas Nações Unidas, o petista isentou Maduro de responsabilidades sobre a crise econômica que atinge o país e condenou as sanções que recaem sobre o regime chavista.

Ao lado de Maduro, Lula afirmou, na época, que a Venezuela precisava divulgar sua “narrativa” sobre a situação política e econômica do país.