Simone Biles tem sido cada vez mais expoente dos cuidados dos atletas com a saúde mental. A ginasta também tem refletido sobre as consequências de sua decisão de abandonar algumas finais olímpicas em Tóquio e entende que o melhor seria ter ficado fora dos Jogos Olímpicos disputados na capital japonesa.

Em entrevista à revista The Cut, Biles relembra o sofrimento por revelar, em 2018, ter sofrido abusos sexuais de Larry Nassar, médico da seleção norte-americana de ginástica artística. Ele foi condenado por molestar mais de 300 jovens.

“Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio, quando Larry Nassar estava na mídia. Eu não quis que ele tirasse tudo de mim, tudo pelo que batalhei desde os meus seis anos. Então me forcei a estar nessa situação, mas meu corpo e minha mente não me deixaram ir até o fim”, contou Biles.

Há cerca de duas semanas, a ginasta compareceu ao Senado dos Estados Unidos para falar sobre os casos de assédio. Biles culpou a federação norte-americana da modalidade e o ‘sistema’, que teria sido conivente com a situação. Ela também denunciou o FBI por ter respondido de maneira inadequada e lenta às primeiras acusações contra Nassar, que atuou na equipe nacional por 20 anos.

“Uma manhã, você acorda e não consegue ter perspectiva, mas as pessoas dizem para você continuar e fazer seu trabalho diário como se você ainda a tivesse. Você estaria perdido, não é? Essa é a única coisa que posso relacionar. Faço ginástica há 18 anos. Eu acordei e perdi o controle. Como é que vou continuar com o meu dia?”, questionou Biles sobre a maneira como a saúde mental interfere no desempenho do atleta e na busca por uma vida equilibrada.

A ginasta também comentou o que passou em sua cabeça quando se deu conta de que não teria condições de seguir na competição após sua participação no salto na final por equipes. “É tão perigoso. É basicamente vida ou morte. É um milagre eu cair de pé. Assim que concluí o salto, fui e disse ao meu treinador: ‘Não posso continuar'”, contou.

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