Silas Malafaia é alvo de buscas e apreensão da PF

Pastor é investigado em inquérito que apura obstrução de Justiça contra processos em tramitação no STF

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Pastor Silas Malafaia Foto: Divulgação

O pastor Silas Malafaia foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 20, no âmbito do inquérito que investiga a coação no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de articular um plano de golpe de Estado. O religioso foi abordado ao pousar no Aeroporto Internacional do Galeão, onde prestou depoimento na sala da PF e foi liberado. 

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), corrobora com a tese da PF de que Malafaia seria um dos principais articuladores do plano para coagir ministros da Suprema Corte. O processo investiga a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos para articular sanções contra o Poder Judiciário. O parlamentar conseguiu costurar a aplicação da lei Magnitsky contra Moraes.

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A PF aponta trocas de mensagens entre Bolsonaro e Malafaia em que o pastor envia vídeos e mensagens pressionado pelo avanço do PL da Anistia e medidas contra o STF. No dia 13 de julho, por exemplo, o religioso teria instruído o ex-presidente a condicionar a suspensão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao projeto que derrubaria a condenação dos acusados pelos ataques de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro.

Silas Malafaia prestou depoimento por cerca de duas horas na sede da PF no aeroporto. Na saída, o pastor criticou efusivamente a operação, disse ser amigo de Bolsonaro e afirmou não ser “bandido” para ter o passaporte apreendido.

Além do mandado de busca e apreensão, Malafaia teve o passaporte e o celular pessoal apreendido. Ele também está proibido de se comunicar com Bolsonaro e com os demais réus nos inquéritos que tratam da trama golpista seja diretamente ou por meio de terceiros. Moraes ainda determinou a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do pastor.

Bolsonaro e Eduardo indiciados

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito que investiga obstrução de Justiça no inquérito que apura o plano de golpe de Estado. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O inquérito investiga a ida de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos para articular medidas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Jair Bolsonaro entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.

Para a PF, Bolsonaro atuou junto a Eduardo e do jornalista Paulo Figueiredo para pressionar o STF no processo que apura a tentativa de golpe. Além deles, o pastor Silas Malafaia também é colocado como o articulador da pressão. Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão na noite desta quarta-feira, 20.

O relatório também aponta que o ex-presidente deu aval e suporte para as ações de seus aliados, como a divulgação de vídeos e mensagens em inglês para chegar às autoridades americanas. Entre os documentos citados, está uma mensagem com pedido de anistia “total e irrestrita”.

Os investigadores também citaram os repasses feitos por Bolsonaro a Eduardo no começo do ano. Entre janeiro e maio, o ex-chefe do Planalto teria enviado R$ 111 mil em repasses fracionados. No dia 13 de maio, Jair Bolsonaro depositou R$ 2 milhões na conta do deputado federal. O depósito foi confirmado por ele em depoimento à PF.