Siemens Energy reformará linha da Eletrobras que escoa energia de Itaipu por R$1 bi

Siemens Energy reformará linha da Eletrobras que escoa energia de Itaipu por R$1 bi

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – A Siemens Energy ganhou um contrato junto à Eletrobras para modernizar os equipamentos de uma das linhas que transmitem a energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu, um projeto de cerca de 1 bilhão de reais que vai aumentar a confiabilidade do fornecimento de energia aos principais centros de carga do país em meio ao processo de transição energética, disse a companhia à Reuters.

O contrato, um dos maiores já conquistados pela unidade de negócios da Siemens Energy no Brasil, prevê a substituição de nove “bancos série de compensação reativa”, equipamentos que garantem maior estabilidade ao sistema elétrico, aumentam a capacidade de transmissão elétrica e diminuem probabilidade de quedas de energia ou risco de apagão.

O sistema que receberá a melhoria envolve mais de 800 quilômetros de linhas, interligando Itaipu aos Estados de São Paulo e Paraná, e é considerado um dos mais estratégicos do país, destaca André Clark, vice-presidente sênior da Siemens Energy para a América Latina.

Segundo o executivo, as obras de reforço na linha operada por Furnas há mais de 30 anos são essenciais no contexto de mudanças climáticas e transição energética, em que a toda rede nacional de transmissão passa a lidar com um maior volume de energia vinda de fontes como eólica e solar, que têm maior variabilidade ao longo do dia.

“É um sistema que foi criado historicamente para um paradigma (de geração hidrelétrica na base) que está mudando muito rapidamente… Em meio a uma grande volatilidade da oferta, (esse projeto) se torna particularmente mais estratégico, porque é ele que ‘segura’ quando essas fontes flutuam”, explicou ele, em entrevista à Reuters.

“Você está mexendo quase que na artéria aorta do sistema energético brasileiro, está ligando 14 GW ao centro de carga… É uma melhoria que não é de expansão, é de resiliência e segurança”, acrescentou.

O VP da Siemens Energy ressaltou ainda que o projeto, que conta com aval da agência reguladora Aneel, representa uma importante decisão de política pública sobre revitalização de infraestruturas dentro de um novo contexto energético.

“É uma decisão de política pública que abre as portas para a melhoria de ativos existentes, isso aumenta segurança. No final, é a grande realidade da transição energética: segurança.”

Além do aspecto de operação do dia a dia da rede, o projeto também tem uma preocupação com a cibersegurança, observou ele, a fim de proteger uma infraestrutura considerada crítica contra eventuais ataques desse gênero.

O contrato com a Siemens Energy foi desenhado no regime “turnkey”, em que a companhia realiza toda a execução do projeto, e tem entrega programada para 2026. Os bancos de capacitores serão fabricados no Brasil, onde a multinacional tem uma fábrica e um centro de competência global para esse tipo de solução.

OPORTUNIDADES COM TRANSIÇÃO

O segmento de transmissão de energia é peça-chave na transição energética, sendo que há uma preocupação que a expansão da rede de linhas acompanhe pari passu o desenvolvimento de novas usinas, a fim de não haja desperdício de nova oferta de energia.

Os três leilões de linhas de transmissão previstos para ocorrer entre 2023 e 2024 serão os maiores da história do Brasil, prevendo investimentos totais da ordem de 56 bilhões de reais.

A Siemens Energy é um spin-off do conglomerado alemão para produtos, soluções e serviços focados em energia, desde a geração e transmissão até o armazenamento. A empresa também tem uma participação majoritária na Siemens Gamesa, importante fornecedora de turbinas eólicas.

Para Clark, a transição energética deve gerar várias oportunidades de novos negócios para a companhia no Brasil, como a modernização das redes de distribuição, que também vêm sofrendo com transformações diante do forte crescimento da geração distribuída solar em telhados de residências.

Outra frente são as reformas para perenizar ativos mais antigos, como usinas hidrelétricas já com idade superior a 40 anos, e também termelétricas, principalmente para substituição do combustível usado (diesel, por exemplo) por outro menos poluente.

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