LAMPEDUSA, 11 JUL (ANSA) – O governador da Sicília, Nello Musumeci, pediu neste sábado (11) para o governo da Itália declarar estado de emergência na ilha de Lampedusa devido às constantes chegadas de migrantes forçados e refugiados.   

A ilha de 6 mil habitantes é uma das principais portas de entrada para deslocados internacionais na Europa e recebeu 791 migrantes e refugiados apenas nos últimos dois dias, sendo que seu centro de acolhimento tem capacidade para menos de 100 pessoas.   

“É uma condição absolutamente insustentável. A Câmara Municipal e o governo regional pediram a Roma a proclamação do estado de emergência”, disse Musumeci durante uma visita a Lampedusa neste sábado.   

Segundo o governador de direita, a cidade e a Sicília como um todo “não podem ser consideradas como um campo de refugiados”.   

“Se o premiê [Giuseppe] Conte não der respostas imediatas, seremos nós a lembrar a Roma quais são as vocações de uma terra como Lampedusa. O drama dos migrantes não pode pesar apenas sobre uma cidade ou região”, acrescentou.   

Lampedusa é o centro habitado mais meridional da Itália e fica mais perto do norte da África – menos de 100 quilômetros via mar – do que da Península Itálica.   

O número de migrantes forçados que cruzam o Mediterrâneo rumo à Itália vinha caindo desde 2017, quando o governo de Paolo Gentiloni, de centro-esquerda, assinou um acordo para treinar e equipar a Guarda Costeira da Líbia para conter os fluxos na região.   

Em 2016, a Itália acolheu 181,4 mil deslocados internacionais via Mediterrâneo, cifra que baixou para 119,4 mil no ano seguinte e 23,4 mil em 2018, quando o líder de extrema direita Matteo Salvini assumiu o Ministério do Interior e endureceu as políticas migratórias do país.   

Em 2019, cerca de 11,5 mil migrantes concluíram a travessia, de acordo com dados do Ministério do Interior. No entanto, as estatísticas oficiais mostram que a cifra voltou a subir neste ano: a Itália contabiliza a chegada de 7.368 deslocados internacionais em 2020, um aumento de 147% na comparação com o mesmo período do ano passado.   

Já em relação a 2018, o número apresenta queda de 56%. (ANSA)