A paralisação do governo dos Estados Unidos, o chamado shutdown, pressiona o sistema de controle de tráfego aéreo do país, provocando centenas de cancelamentos de voos nesta sexta-feira (07/11) nos principais aeroportos americanos.
A partir de sexta-feira, as companhias aéreas começarão a implementar uma redução de até 10% nos voos em 40 áreas de grande movimento do país, em conformidade com uma ordem da Administração Federal de Aviação (FAA) emitida por motivos de segurança.
Os novos cancelamentos podem afetar milhares de voos todos os dias. As reduções de voos começam em 4% nesta sexta-feira e subirão para 10%, segundo informações da imprensa. A situação deve atingir alguns dos aeroportos mais movimentados do país, incluindo Atlanta, Newark, Denver, Chicago, Houston e Los Angeles. Estima-se que os cortes podem chegar a até 1.800 voos.
Mais de 750 voos nos EUA programados para sexta-feira foram cancelados preventivamente na quinta-feira, de acordo com o site de rastreamento FlightAware. A empresa aérea American Airlines afirmou em um comunicado que estava reduzindo sua programação de voos, “totalizando 220 voos cancelados por dia”. A Delta Airlines cancelou cerca de 170 voos programados para sexta-feira, informou a companhia, enquanto a emissora CNN noticiou que a Southwest Airlines cancelou cerca de 100 voos programados para aquele dia.
Pressão sobre funcionários sem salários
A FAA decidiu impor as reduções para aliviar a pressão sobre os controladores de tráfego aéreo, que são funcionários federais e estão trabalhando sem receber salário durante o shutdown. Muitos não vão trabalhar, se dizendo doentes, para poder ganhar dinheiro de outras formas, para conseguir pagar as contas.
A paralisação deixou dezenas de milhares de controladores de tráfego aéreo, funcionários de segurança aeroportuária e outros sem salário, causando escassez de pessoal. Na quinta-feira, mais de 6.400 voos nos EUA sofreram atrasos e cerca de 200 foram cancelados, segundo dados da FlightAware, enquanto os passageiros enfrentavam longas filas nos postos de segurança.
Os principais aeroportos foram afetados, com viajantes nos aeroportos de Boston e Newark enfrentando atrasos médios de mais de duas horas, e aqueles nos aeroportos O’Hare de Chicago e Reagan National de Washington, mais de uma hora.
As autoridades disseram que queriam agir antes que um acidente ocorresse. “Não vamos esperar que um problema de segurança se manifeste de fato, quando os indicadores iniciais nos dizem que podemos agir hoje para evitar que a situação piore”, disse o administrador da FAA, Bryan Bedford.
Alta temporada de viagens
As medidas de redução ocorrem no momento em que o país entra em seu período de viagens mais movimentado do ano, com o feriado de Ação de Graças a apenas algumas semanas de distância.
Enquanto milhões de americanos enfrentam o provável caos nas viagens em meio à escassez de pessoal de controle de tráfego aéreo, o governo do presidente Donald Trump buscou tranquilizar a população, garantindo que voar continua sendo seguro. “É seguro voar hoje, amanhã e depois de amanhã devido às medidas proativas que estamos tomando”, disse o secretário americano de Transportes, Sean Duffy.
Implementar a ordem com tão pouco aviso prévio será um desafio para as companhias aéreas, que operam redes complexas.
Rotas internacionais não serão afetadas
Voos internacionais não estão incluídos na ordem emitida na quinta-feira pelo Departamento de Transportes. “A ordem não exige uma redução nos voos internacionais”, disse o Departamento de Transportes em um comunicado à imprensa. “As companhias aéreas podem usar seu próprio critério para decidir quais voos serão cancelados para atingir a meta.”
A United Airlines, a American Airlines e a Delta Air Lines já haviam declarado que seus serviços internacionais não seriam afetados pelos cancelamentos. Com isso, voos para o Brasil ou saindo do Brasil para o EUA não devem ser cancelados devido à paralisação.
A United acrescentou que os voos “entre hubs” também não serão afetados, indicando que os cancelamentos podem atingir mais rotas locais.
Não está claro quando a redução de voos poderá terminar. Companhias aéreas, sindicatos e o setor de viagens têm pressionado o Congresso para encerrar a paralisação, que na quarta-feira se tornou a mais longa já registrada.
A United Airlines e a Delta Air Lines disseram que oferecerão reembolsos aos passageiros que optarem por não voar, mesmo que tenham passagens que normalmente não são reembolsáveis.
Os cortes também podem afetar as entregas de encomendas, pois dois aeroportos com grandes centros de distribuição estão na lista. A FedEx opera no aeroporto de Memphis, Tennessee, e a UPS em Louisville, Kentucky, onde ocorreu um acidente fatal com um avião de carga esta semana.
Shutdown
Agências federais em todos os Estados Unidos estão praticamente paralisadas desde que o Congresso não aprovou o financiamento após 30 de setembro, com cerca de 1,4 milhão de funcionários federais, de controladores de tráfego aéreo a guardas de parques nacionais, ainda em licença compulsória ou trabalhando sem receber salário.
Muitas pessoas em empregos estressantes relacionados à aviação agora estão ligando dizendo que estão doentes e possivelmente trabalhando em um segundo emprego para pagar as contas, disse o secretário americano de Transportes, Sean Duffy, na quarta-feira.
O administrador da FAA, Bedford, disse que a situação era sem precedentes. “Em meus 35 anos de história no mercado da aviação, não me lembro de termos tido uma situação em que precisássemos tomar esse tipo de medida”, disse ele na quarta-feira. “Por outro lado, estamos em um território desconhecido em termos de paralisações do governo.”
Ao todo, 40 aeroportos devem ser afetados pela ordem do Departamento de Transportes, incluindo os maiores dos Estados Unidos. Na lista, por exemplo, estão terminais de Nova York, Los Angeles, Chicago, Miami e Dallas.
(AP, AFP, Reuters)