Shein faz 1º desfile em Milão e invade templo da moda mundial

MILÃO, 17 OUT (ANSA) – A Shein, gigante chinesa do fast fashion que tem sido alvo de escrutínio de governos devido à sua concorrência agressiva no setor de vestuário, celebrou seu 13º aniversário com a realização de seu primeiro desfile em Milão, templo da moda na Itália e no mundo.   

O evento foi organizado no momento em que a empresa busca consolidar sua operação na península e, segundo um comunicado oficial, também serviu como um reconhecimento à comunidade italiana, descrita como tendo um “papel central” no desenvolvimento da empresa no país.   

Essa comunidade inclui milhões de clientes, mais de 80 marcas italianas ativas no marketplace da Shein e uma equipe local dedicada a expandir a presença da marca na península.   

“É incrível pensar que tudo começou com uma ideia simples: tornar a moda acessível a todos. Hoje, somos um ecossistema global que conecta clientes, marcas e varejistas em mais de 160 países”, disse Leonard Lin, diretor da Shein para Europa, Oriente Médio e África, durante o evento.   

“Ao longo desses 13 anos, crescemos ouvindo as pessoas e produzindo apenas o que elas realmente desejam, sob demanda.   

Nossa trajetória demonstra que, quando você coloca o cliente no centro, a inovação surge naturalmente”, acrescentou.   

Entre as marcas italianas que já utilizam a plataforma da Shein para vendas estão nomes como Mia Cosmetics (cosméticos), Weby District (óculos), Orizzonte (impressão 3D), Mauro Ferretti (decoração para casa) e Vitastrong (suplementos).   

O desfile inédito em Milão chega no momento em que o governo italiano discute medidas para coibir a “invasão” de produtos de fast fashion no país. Segundo o ministro das Empresas e do Made in Italy, Adolfo Urso, a entrada em massa de “produtos estrangeiros de baixo custo prejudicam os produtores e colocam os consumidores em risco”.   

Uma das medidas em debate é pressionar a União Europeia a acabar com a isenção de tarifas alfandegárias para pacotes de valor inferior a 150 euros (R$ 960), o que beneficia o comércio de produtos de vestuário de baixo custo provenientes da China e de outros países asiáticos.   

Em 2024, o bloco recebeu uma média de 12 milhões de pacotes por dia dentro desse valor, o dobro da cifra vista em 2023. Já o setor têxtil italiano acumulou queda de 6,6% na produção nos primeiros oito meses de 2025, após o ano anterior já ter registrado uma contração de 10,5%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (Istat). (ANSA).