‘Sexo antes do casamento’, um tema para refletir

CIDADE DO VATICANO, 5 OUT (ANSA) – Por Fausto Gasparroni – A questão do sexo antes do casamento, que a Igreja Católica proíbe oficialmente, foi levada aos debates do Sínodo dos Bispos com jovens em andamento durante dois dias no Vaticano. Falando sobre as intervenções desde ontem(4) à tarde e nesta manhã (5), o prefeito do Dicastério para as Comunicações da Santa Sé, monsenhor Paolo Ruffini, explicou que “a questão do sexo e da castidade pré-matrimonial, a abstinência antes do casamento “foi tratada por um dos padres Sinodais.   

O expoente religioso destacou que a posição da Igreja sobre esse aspecto considera “dois riscos: por um lado, arrisca-se que os casais se casem antes do tempo de um amadurecimento adequado de sua vontade; por outro lado, se pode provocar um distanciamento do sacramento do que não procura viver a vida de casal sem relações sexuais”. “É um assunto sobre qual se deve refletir”, disse o monsenhor, que colocou a questão para consideração pelo Sínodo e pelo papa Francisco. Mas antes da pergunta específica sobre se seria possível repensar a norma que proíbe relacionamentos pré-matrimoniais ou se havia posições no Sínodo que exigiam a revogação dessa norma, Ruffini pediu prudência.   

“Um padre Sinodal quis explicar que isso é algo que temos diante de nós, um tema para ter em mente”, disse, ressaltando que com relação a essa proibição, há jovens “que perdemos por um tempo”, alguns retornam, mas outros perdem para sempre. Para Ruffini, este é “um aspecto apresentado antes do Sínodo como um problema”, disse. Nas duas últimas sessões gerais, que refletem sobre a primeira parte do “Instrumentum Laboris”, espécie de texto preparatório para o próximo Sínodo dos Bispos, e sobre a “escuta” também se falou da migração global e dos muitos fluxos que a caracterizam, do Oriente ao Ocidente.   

Ele discutiu “por que tantos jovens formados não podem viver no seu país de origem a sua vocação original, não pode ter uma família e outras dificuldades, que por um lado, empobrecem seus países de origem e, por outro, impedem uma existência serena e feliz”. Ruffini ainda disse que “a Igreja também deve estar próxima da segunda geração de jovens, bem como dos recém-chegados” entre os migrantes. As novas gerações em conjunto são vistas como mais orientadas para “uma disposição de refugiados que recebem, mesmo se eles se encontram na frente de um problema que é maior do que eles” considerado os debates.   

No Sínodo, à luz do seu papel de “profecia”, do seu olhar para o futuro e da sua abordagem às novidades, surgiu a proposta de criação de um Conselho Pontifício para a Juventude dependente do Vaticano. Hoje, o arcebispo de Sydney, dom Anthony Colin Fisher, que foi o organizador da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na cidade australiana há exatamente dez anos, expressou a “mea culpa” da Igreja de seu país para “a praga da pedofilia”.   

“A JMJ foi um momento de grande alegria, que, em seguida, colidiu com a crise dos abusos experimentados por nossa Igreja, que as pessoas, precisamente jovens, são as vítimas. Nós sentimos vergonha do que aconteceu em nossa história. A pedofilia não existe apenas no clero, mas os líderes de nossa Igreja reagiram tão mal, da pior maneira”, disse Fisher.   

“Estamos determinados a ser melhor. Espero que outros países possam aprender com a nossa experiência e nosso modo de purificação. Havia tantos jovens feridos. Devemos escutar o quanto não gostam e dizer o quanto nós sentimos vergonha do que aconteceu. A Igreja deve ser vista como o lugar mais seguro do mundo”, concluiu o bispo australiano. (ANSA)