02/10/2017 - 8:00
Com R$ 30 milhões é possível comprar uma belíssima mansão em qualquer uma das praias mais badaladas do litoral brasileiro, incluindo as que ocupam os cobiçadíssimos terrenos à beira-mar nos condomínios de Iporanga e São Pedro, no Guarujá. Esse mesmo valor, contudo, nem sempre é suficiente para adquirir um iate de alto padrão. O Raffaella II, de 143 pés (cerca de 43 metros) foi entregue pelo estaleiro MCP Yachts por um empresário paulistano no último verão por R$ 54 milhões. Fabricado na Holanda, o Madame Kate, do bilionário Alexandre Grendene, custou bem mais: 74 milhões de euros. “Barco é muito mais caro que casa”, afirma a “yatch designer” Tânia Ortega, da Tutto a Bordo, loja especializada em decoração náutica na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo.
O alto valor do investimento, porém, não impede que um número crescente de brasileiros esteja aderindo ao prazer de flutuar sobre as águas em grande estilo. Mais que investir uma pequena fortuna em seus brinquedos de luxo, alguns desses felizes proprietários exigem que a decoração expresse seus gostos. “Uma cliente quis o barco todo decorado com estampas de oncinha. Outro pediu que tudo tivesse as cores da bandeira da Itália: verde, branco e vermelho”, diz Tânia, citando algumas das extravagâncias que seu escritório atendeu. Uma cliente pediu para instalar a bordo um secador de cabelo daqueles de salão, o que exigiu certo malabarismo para encaixar a peça.
Tânia atende a seus clientes desde o início do projeto, o que permite escolher os materiais do piso ao teto, passando por toda a parte de marcenaria e acabamento. Tapetes, móveis, luminárias, acessórios de banheiro e cozinha, enxoval e até os uniformes dos marinheiros podem ser escolhidos dentro de uma impressionante variedade de marcas e preços. “A decoração de um barco está muito ligada ao revestimento. Hoje podemos usar materiais como pedras com poucos milímetros de espessura para que o piso fique mais leve, tapetes e tecidos resistentes a água e até a manchas de vinho tinto, espelhos que não quebram e cabos com cores que ajudam a compor com os outros elementos da embarcação”, diz a especialista, que tem 22 anos de experiência em design náutico.