O principal sindicato empresarial do Panamá criticou, nesta quinta-feira (23), a “inação” do governo do presidente Laurentino Cortizo diante dos bloqueios de estradas que têm paralisado parcialmente o país por mais de um mês em rejeição a um controverso contrato de mineração.

Os protestos começaram em 20 de outubro, quando o Congresso aprovou um contrato assinado pelo governo que permite à empresa canadense First Quantum Minerals operar por 40 anos a maior mina de cobre a céu aberto da América Central.

“No último mês, o Panamá sofreu um bloqueio persistente de estradas, com o consequente caos […] e um doloroso processo de destruição da matriz econômica da nação”, afirmou o Conselho Nacional da Empresa Privada (Conep) em comunicado.

“Frente a isso, há uma ausência de autoridade, cujo silêncio persistente e inação faz com que grupos que promovem o caos e a anarquia determinem o futuro de todos os panamenhos”, acrescentou.

Pela quinta semana, o Panamá sofre com toneladas de produtos agrícolas danificados, filas de caminhões e carros presos em bloqueios, êxodo de turistas e marchas incessantes, nas maiores manifestações desde as ocorridas há mais de três décadas contra a ditadura de Manuel Noriega.

As “pequenas, médias e microempresas têm sido as mais atingidas” pelos protestos, o que gera desemprego e aumento da informalidade no trabalho, afirmou o Conep, que, há nove dias, estimou que os protestos causaram perdas de US$ 1,7 bilhão (R$ 8,3 bilhões).

Duas semanas atrás, a polícia anunciou que usaria toda a “força necessária” para liberar as estradas, mas a situação não mudou.

Para acalmar o protesto, o Congresso aprovou, em 3 de novembro, uma moratória sobre a mineração metálica, mas deixou nas mãos da Justiça o futuro do contrato. Isso satisfaz os ambientalistas, que pararam de marchar, mas não o sindicato da construção, os sindicatos de professores e outras organizações, que continuaram com os bloqueios.

O governo e a mineradora argumentam que a mina gera 50 mil empregos, contribui com 5% do PIB e o contrato inclui contribuições anuais mínimas para o Estado de US$ 375 milhões (R$ 1,8 bilhão), dez vezes mais do que o acordo inicial de 1997, que era desfavorável ao país.

A First Quantum pagou, há uma semana, US$ 567 milhões (R$ 2,77 bilhões) em royalties e impostos, mas eles permanecem congelados aguardando uma decisão sobre a eventual “inconstitucionalidade” do contrato.

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FIRST QUANTUM MINERALS