Um setor indígena e o governo do Equador fecharam um acordo nesta quarta-feira (15) para encerrar as manifestações na província de Imbabura, principal foco dos protestos contra o corte do subsídio ao diesel.
Os líderes da Conaie, maior organização indígena do país, não participaram das conversas, que aconteceram na cidade de Otavalo, a cerca de duas horas de Quito.
Líderes camponeses e de povos quíchuas do norte do país reunidos na Unorcac e na Fici participaram do encontro com o ministro do Interior, John Reimberg. Eles decidiram suspender os bloqueios de estradas, em troca de manter grupos de trabalho com o Executivo e da transferência dos manifestantes detidos para a província de Imbabura.
Os líderes também pediram ao governo que analise a proposta de congelamento do preço do diesel, e que a morte de manifestantes seja investigada.
“Pensando na população, decidimos que nos retiraremos hoje para os nossos territórios”, disse Mesías Flores, presidente da Fici. Já Reimberg afirmou que “hoje se levanta a paralisação, abrem-se as vias.”
Otavalo foi cenário, na véspera, de confrontos violentos entre manifestantes e forças de ordem, que duraram oito horas. Segundo a Conaie, três pessoas morreram em 24 dias de manifestações.
O governo não divulgou um balanço de vítimas civis, e informou que 13 soldados ficaram feridos nos confrontos de ontem.
No mês passado, comunidades de Imbabura detiveram 17 militares por três dias. Uma caravana presidencial também foi atacada.
Este “é um início de diálogo”, disse Martha Tuquerres, presidente da Unorcac, ao exigir do governo “um pedido de desculpas público a todos os povos e nacionalidades”. “Não somos terroristas.”
O governo denunciou “atos terroristas” por trás dos protestos e ameaçou os responsáveis com até 30 anos de prisão.
Os grupos de trabalho que vão reunir as organizações e o governo terão início na próxima semana.