Taxas de juros elevadas e renda pressionada pelo encarecimento de bens e serviços criam um cenário adverso para o mercado imobiliário, uma vez que tais fatores prejudicam a contratação de financiamentos. Contudo, o segmento de imóveis de luxo e de alto padrão parece estar imune às condições financeiras desfavoráveis dos brasileiros.

Levantamento do Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis de São Paulo (Secovi-SP) indica que as vendas de imóveis de luxo devem crescer 20% neste ano. Além disso, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), mais de 60% dos empresários do ramo imobiliário esperam que 2023 seja um ano melhor para os negócios do que 2022, que, inclusive, foi um ano próspero para o setor.

“O mercado imobiliário de luxo e de alto padrão está vivendo um período promissor”, afirma Adalberto Salgado Junior, especialista no setor. “O segmento tem se mostradobastante resiliente, mesmo diante de condições econômicas não tão favoráveis aos financiamentos”, acrescenta.

O especialista põe na conta da pandemia de covid-19 o aumento na procura por imóveis de luxo e de alto padrão.

Segundo ele, o enclausuramento imposto como forma de atenuar o contágio do coronavírus fez com que famílias de classes econômicas A e B repensassem a forma como desfrutam de seus lares. Sendo assim, ainda que o período mais grave de circulação do vírus tenha ficada para trás, buscam casas e apartamentos mais confortáveis e preparadas para o descanso e o lazer.

“Ainda estamos passando mais tempo em casa do que nunca. Com isso, os lares se tornaram um ambiente de trabalho, estudo, lazer e relaxamento. Essas necessidades somente são atendidas pelo mercado de luxo”, explica.

Adalberto Salgado Junior é especialista no setor imobiliário (Crédito:Divulgação)

 

Dessa forma, Salgado Junior, que empreende no setor imobiliário em Minas Gerais, destaca que os bens mais procurados têm sido apartamentos espaçosos e personalizados e casas equipadas com recursos inteligentes.

“Apartamentos maiores são mais adequados para famílias que trabalham e estudam no próprio lar. Além disso, proporcionam mais privacidade para cada um dos membros, de modo que todos tenham ambientes decorados de acordo com seus perfis”, pontua.

O especialista ainda aponta que casas com áreas abertas, jardim, piscina e espaço para atividade física também estão no radar dos compradores, que valorizam recursos inteligentes, como câmeras e sistemas de segurança e iluminação.

“O mercado de luxo é um ambiente restrito a quem tem condições de pagar altos valores. Por isso, não é tão afetado pela conjuntura econômica. E seu crescimento se deve ao novo modo de as famílias se relacionarem com o lar”, afirma Salgado Junior.