SÃO PAULO, 27 SET (ANSA) – O Brasil é um dos grandes exportadores mundiais de aço e tem seu produto distribuído para mais de 100 países, mas o atual cenário econômico tem deixado empresas de metais e tubos em alerta e levado as companhias a buscarem formas de driblar a crise. De acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr), a produção siderúrgica brasileira registrou queda de 13,4% em agosto, chegando em 2,52 milhões de toneladas. Além disso, as vendas no mercado interno recuaram 7,2%, para 1,61 milhão de toneladas.   

A crise no setor ganhou proporção no início do ano, quando a União Europeia anunciou a imposição de barreiras tarifárias a produtos siderúrgicos brasileiros, em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China. A decisão foi uma reação às taxas ao aço internacional anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump. A isso se somam a lenta retomada da economia do Brasil e a crise na vizinha Argentina.   

“A matéria-prima da China sempre foi um caso que nos preocupa. O ferro fundido maleável pode ser adquirido através de sucata de ferro. Temos produtos de latão, inox e alumínio, esses tendem a ser mais sensíveis nessas questões de matéria-prima”, explicou à ANSA David Campos, gerente comercial da empresa Remadi, que atua com conexões galvanizadas e metais hidráulicos.   

Mas cenários desafiadores também costumam apresentar oportunidades. Segundo Flávio Paiva, CEO da fabricante de conexões de ferro IPC Brasil, contextos de incerteza exigem das empresas uma “abordagem estratégica e acadêmica”.   

“Não acreditamos em sorte ou azar. Quando não há uma onda boa para surfar, passa a ser mais importante o conhecimento para ir bem no mercado. Preço, logística, dólar, inflação, tudo isso é muito parecido para todos os concorrentes, mas é diferente o quanto cada um tem embarcado de conhecimento e como cada um faz uso disso. Para nós, o conhecimento é tudo”, disse, em entrevista à ANSA.   

De acordo com Paiva, as tensões comerciais no mundo e a questão cambial são fatores de preocupação, mas ele acredita que exista um “otimismo, ainda que com certa cautela”, em relação a uma possível melhora na economia.   

“O conhecimento é o que nos tem feito crescer em taxas maiores do que os nossos colegas. Se formos comparar, o setor está encolhendo, e a IPC Brasil, crescendo, então eu recomendaria para as empresas investimento em saber”, concluiu.   

Já a Remadi aposta em uma estratégia de convencimento para mostrar a importância de se investir em produtos de alta tecnologia no combate a incêndios, um de seus focos de atuação.   

“Nossos produtos são competitivos, mas não baratos por conta da tecnologia. Temos de convencer as empresas de que elas precisam fazer a manutenção dos aparelhos de combate a incêndio e que isso servirá para proteger as pessoas. Temos de pensar como um investimento para salvar vidas”, afirmou o gerente David Campos.   

O conhecimento e as estratégias das empresas do setor serão demonstrados entre os dias 1º e 3 de outubro, durante a Feira Internacional de Tubos, Válvulas, Bombas, Conexões e Componentes (Tubotech), que acontece em São Paulo.   

A 10ª edição do evento, realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam) e pela Cipa Fiera Milano, é vista pelo segmento como uma oportunidade de ampliar negócios e parcerias. Simultaneamente à Tubotech, ocorre a 4ª Wire South America – Feira Internacional de Fios e Cabos. (ANSA)