SÃO PAULO, 1 ABR(ANSA) – A batalha verbal entre os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acendeu um sinal de alerta nos players econômicos, especialmente por possíveis repercussões na tramitação da reforma da Previdência, mas o setor de tubos de metal ainda se mantém “esperançoso” quanto ao restante do ano.
Em entrevista à ANSA, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam), Carlos Eduardo Baptista, admite que não esperava esse “embate” entre Executivo e Legislativo e que o entusiasmo “arrefeceu um pouquinho”.
Por outro lado, ele evita usar a palavra “decepcionado” para avaliar o desempenho econômico neste início de 2019.
“Surpreendeu a todos nós [a briga entre Bolsonaro e Maia], mas ainda estamos esperançosos”, diz Baptista.
O presidente da Abitam ressalta que a aprovação da reforma da Previdência é o ponto de partida para arrumar a economia brasileira e atrair investimentos. O impasse dos últimos dias, contudo, mostrou que o projeto pode demorar mais do que o previsto para sair do papel.
“Está tudo muito em suspenso”, afirma Baptista, destacando que ficaria satisfeito com um crescimento de 1% no setor. Alguns projetos já estão aparecendo, como as concessões realizadas pelo governo neste início de ano e iniciativas ligadas ao pré-sal, mas os reflexos devem ser de médio e longo prazo.
De acordo com o mandatário da Abitam, janeiro e fevereiro foram “um pouquinho melhores” do que no ano passado para o setor de tubos, embora março tenha registrado um desempenho aquém do esperado.
Futuro – Após uma intensa troca de críticas, Bolsonaro e Maia anunciaram uma pacificação em prol da aprovação da reforma da Previdência, o que pode ajudar a recuperar o otimismo – os dois últimos pregões de março na bolsa B3 já fecharam com sinal positivo, depois de seis quedas em sete dias.
Até o início do embate entre os presidentes da República e da Câmara, o índice Ibovespa vinha registrando alta atrás e alta e chegou a ultrapassar pela primeira vez a barreira dos 100 mil pontos.
Além disso, nas últimas semanas o governo arrecadou R$ 2,719 bilhões com o leilão de um trecho da Ferrovia Norte-Sul e outros R$ 2,3 bilhões pela concessão de 12 aeroportos. A expectativa, contudo, é que a situação da economia melhore no segundo semestre, o que pode ser um impulso para a principal feira do setor de tubos, a Tubotech.
Organizado pela Cipa Fiera Milano e pela própria Abitam, o evento acontece de 1º a 3 de outubro, em São Paulo, e é voltado aos principais clientes desse segmento, como a indústria de petróleo e gás, automotiva, de construção civil, moveleira, de mineração e petroquímica. Entre os expositores estarão fabricantes brasileiros e internacionais de tubos, válvulas, bombas, conexões e componentes, como BTL Steel Works, Citic Pacific Steel, Golan Plastic, HSG Laser, HTIDC, Inductotherm, Intras, Kent do Brasil e Nacional Tubos. “Temos alguma coisa na parte fiscal que precisa ser regulamentada, mas a Previdência é o ponto de partida. Há um roteiro de ações que precisam ser implementadas para deixar a economia arrumada, e esse roteiro começa com a Previdência”, conclui Baptista. (ANSA)